domingo, 10 de agosto de 2008

Água e óleo nunca se misturam.

Eu queria ter nascido muitos e muitos anos atrás, em um ano em que você não tivesse nascido ainda e para mim, 15 anos depois, fosse apenas uma criança.
Assim, eu não olharia para você como eu olho hoje em dia, aquele olhar de desejo que você nem interpreta direito (Ou minhas aulas de teatro fizeram efeito, ou você faltou na aula sobre interpretação).
Queria sair com pés descalços pelas ruas ainda de barro, ouvindo o aboio dos vaqueiros e roubando uma maçã do terreno vizinho. Queria poder passar por você e nem te ver, queria poder nunca te ver, nem ouvir sua voz e nem me viciar no seu sorriso encantador.
Queria ter ido a uma show da Cindy Lauper enquanto ela ainda tinha cabelo loiro e bagunçado e não tinha rugas e nem dor nas costas, e queria que nessa hora você ainda fosse um espermatozóide.
Talvez não precisasse disso tudo, poderia ter nascido no mesmo ano que nasci, te encontrado sem querer do mesmo jeito que encontrei, só não deveria ter deslizado e nem anotado o número do seu telefone, nem ter te chamado para sair e nem ter me iludido com a super idéia de que você me aceitava ou me aceitaria do jeito que eu sou. Ah, por favor, eu já deveria saber disso, não sei para que insisto.
Poderia ter resistido, ou ao menos ter tentado, mas é que com você foi complicado, mas mesmo assim eu deveria ter tentado, mas é que eu achava (acho) você tão inesperado, tão imprevisível que preferi arriscar. E agora cá estou eu, escrevendo por não ter para quem falar que foi erro meu, foi erro meu ter me aproximado tanto e ter criado tanta coisa em cima de nada. Obrigada. De nada.
(Me tira uma dúvida: Eu te produzi errado na minha cabeça? Foi, não foi? Foi.)
Ou talvez nada disso tudo, eu só queria mesmo era poder mandar nos sentimentos, no abstrato aqui de dentro e não ter me encantado pelo seu olhar.
Maldito! Poderia muito bem ter me deixado ali quietinha, sendo consumida pela minha nostalgia, sendo apressada pela minha solidão, que era só minha! Não tinha que dividir com ninguém, era a minha única companhia e eu ainda dei brecha para você vir me acompanhar, e me largar no meio do caminho. E meu senso de direção está ativado, não estou me sentindo perdida só porque você não está aqui, mas eu bem que gostaria de estar. É tão bom se perder em algum lugar, em algum lugar de alguém que vale a pena esperar para te encontrar, mas acho que você não vai nem procurar, então deixa eu me localizar.
Banco à direita, prédios, casas e parque na parte de trás, hotéis à esquerda e na frente tem o mar, em fúria, me chamando para nadar. E eu vou, já estou arrancando meus sapatos de vinil e meu amuleto da sorte que eu nem sequer tenho, e vou me jogar nesse mar e me afogar no fundo do oceano, vai ver assim eu consigo a vida eterna num mundo distante, já que a vida eterna aqui na terra está fora do meu alcance.
Eu gosto tanto de você do jeito que você é, porque você não consegue fazer o mesmo?
Eu não quero me apaixonar por você, se apaixonar sozinho é um erro que enquanto eu puder evitar eu vou evitar, e ainda posso, ainda estou em tempo, portanto, sai do meu caminho, abre alas que eu vou passar. E se quiser vir comigo, vai ter que ir para onde eu te levar, sem reclamar, de nada. Obrigada. De nada.
Não, na verdade, eu só queria ter um carro, para finalmente, sumir daqui.

P.S: Nossa, que drama. É impressão minha ou hoje eu rimei mais que o comum neste texto? Eu hein. Você me faz fazer poesia até sem querer.

Hahahahahahaha. Eu sou idiota, perdão pela minha existência.

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