sexta-feira, 27 de junho de 2008

Mocinha confusa.


Por que os olhos piscam?
Por que os olhos ardem?
Por que o tempo passa?
Por que as rosas murcham?
Por que a fumaça fede?
Por que a gente chora?
Por que ir embora?

Que horas são 00:00?
Quem disse que as nuvens não são feitas de algodão?
Como que se quebra um coração?

Quando eu crescer eu quero ser você
Mas sem toda essa maquiagem e nem nada dessas manias chatas que você tem
Isso que você chama de TOC.
O que é Fimose?
Como escreve Halloween?
Quem disse que as coisas precisam ser assim?
Por que anjo não tem sexo?
O que coloca no anexo?
Por que os meninos mentem?

Por que à noite fica escuro?
Por que os gatos não sabem latir?
Ele morde?

Quem descobriu a Sibéria? Quem são as células tronco? Por que a chuva cai? Por que ele não anda? Onde o mundo vai parar? Onde eu vou estar quando ele parar? Por que o papai não volta mais? Não quero ir para a escola. Não quero mudar de cidade. Quantos anos você tem? Sai, mamãe. Eu já sou uma mocinha. Dorme aqui comigo, eu tenho medo do escuro. Me ensina a pescar? Quero ir passear. E uma bicicleta igual àquela que eu vi na televisão. Eu não quero morrer, por que a gente tem que morrer? Por que os dentes caem? Eu não gosto do tio Gustavo. Por que às vezes eu te pego chorando na cozinha? Você não cansa de ficar sozinha? Eu sou uma menina tão chata, por que você me abraça? Desculpa.

Por que eu sou tão pequenininha?

Por que quando eu como castanha eu fico toda vermelhinha? Sorvete é tão bom, eu quero de morango. Você vai estar aqui quando eu acordar? Deixa eu ajudar você? Mãe, eu quero um ratinho. Vou ficar ausente por um tempo, também quero um tempo para mim. Mãe, você me prometeu um fim de semana na praia. Por que todas as pessoas precisam mentir? Por que não dizem que “Não” e sempre falam que “Sim” ? Como escreve “decepção” ? Eu quero escrever isso num bilhete e jogar embaixo da sua porta. E devolver todas as bonecas que você me deu. Mãe, não precisa mais se explicar, eu já entendi.

Onde Judas perdeu as botas? Por que papai do céu nunca vem pro jantar? E você, mãe? Por que também nunca vem pro jantar?

Não tenho hora para voltar
Esses cigarros não são meus
Diz que eu estou no banheiro
Diz que não vai fugir
Me diz o que é amar
Não sei o que isso está fazendo na minha mochila
A culpa não foi minha
Pela milésima vez, a culpa não foi minha.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Sempre quis ser Kurt Cobain.


Otávio Tristan Cobain, digamos que ele gostaria de se chamar assim, era um discípulo do ídolo do rock grunge Kurt Donald Cobain, 24, vocalista e guitarrista da banda Nirvana, que segundo a mídia se suicidou em 1992, segundo eu, foi assassinado friamente pela esposa Courtney Love, na época aos 26 anos.
Mas ele era apenas um Otávio Galvão Correia, um adolescente que tinha 16 anos, uma namoradinha rebelde de escola que não ligava para ele para dar boa noite, e uma bicicleta Caloi toda arranhada e com o pneu traseiro baixo.
Mas acontece que a namoradinha rebelde resolveu seguir outro rumo da vida, com outros planos. Ele não estava em nenhum desses planos, e então começou o drama psicótico do menino.
Mesmo aos 16, mal tinha saído daquela vida de debutante, acreditava que Lisa era a sua cara metade, acreditava que era com ela que ele dividiria a mesma cama pelo resto da vida. A mesma varanda, o mesmo banheiro e seria amor eterno. Por favor, garçom, me vê uma dose de paciência, sim? Obrigada.
Ele foi capa do jornal da cidade, e ainda usaram uma foto muito desfocada.
Na reportagem dizia que ele havia se enforcado com a 6ª corda da guitarra, provavelmente queria "morrer jovem e permanecer belo" como em um de seus shows o belo Kurt disse que faria. Otávio nunca tomaria o lugar de Kurt, ele foi o líder dos All Star's sujos, roupas imundas e blusões listrados. Isso pode não parecer muito apresentável, mas junto disso tudo veio um estilo musical que até hoje invade os quartos dos adolescentes e seus respectivos MP4 Player.
E Otávio?
Bem, ele estava cursando o 1º ano do Ensino Médio pela segunda vez e tocava guitarra quando não estava alimentando o vício naquele play station 2, ele tocava muito mal, por sinal.
Por que mente de adolescente é tantas vezes tão pequena?
Pequena, mas produz umas imaginações e paranóias que só sendo adolescente para saber. E foram essas loucuras internas, esses dramas pessoais e inevitáveis para alguns, que deixou Otávio por um fio, literalmente.
Foi encontrado no quarto. Quando abriram a porta, parecia que tinha passado um furacão. Sua cabeça já roxa pelo tempo que estava ali pendurado, suas mãos com manchas de sangue já talhado, cheiro estranho. Era um cheiro de dor, eu sei mais ou menos como é esse cheiro porque meu quarto tem um cheiro bem parecido.
Som alto, fotos dele e de Lisa espalhadas pelo chão, alguns discos e cds do Iggy Pop, Nirvana e Aerosmith e umas bitucas de cigarro enfeitando o criado mudo todo decorado também com pequenas manchas em um tom mais escuro, provocados pelas pontas dos cigarros quando ainda estavam acesos, porque o mocinho tinha deixado o cinzeiro cair e se espatifar no chão.
Falando nisso, tinha vidro para todos os lados e a palma de cada uma de suas mãos estava riscada e o sangue deve ter escapado de cada cortezinho daquele, como deve ter doído.
Pela mentalidade pequena e momentânea, ele provavelmente tinha em mente cortar os pulsos e testou na mão para sentir a intensidade, viu que fraquejaria na hora e preferiu usar a corda da Gibson novinha que havia ganho de Natal. Estúpido, uma guitarra daquelas custa mais que meu salário.
E o cinzeiro seria bem mais útil se ainda estivesse inteiro. E o Kurt ainda é o mesmo ídolo do início, e Otávio é só mais um adolescente idiota.
Se matou por uma dose de placebo, aquele amor que ele só achava que tinha, nem sequer sentia. Se matou por achar que assim atingiria a tal Lisa, que nessa hora já estava transando com qualquer outro adolesccente que prometesse lhe pagar uma cerveja.
Deixou seus pais num desespero de dar dó, filho mais velho, que sempre teve conforto, boa escola e atenção dos pais.
Deixou o time de futebol sem goleiro, a banda de garagem sem guitarrista, a sala sem orador, o teatro sem Romeu, a história sem plebeu, a mãe sem o filhinho que lhe trazia troféis de vencedor em concurso de poesia, deixou o pai sem o "garotão do papai". A irmã sem protetor da escola, deixou o irmão sem o "meu irmão é um herói!". Deixou a vizinha sem ter quem paquerar, deixou o filme ligado na sala de estar. Faltou no cinema como havia combinado com uns amigos de infância que há tempos marcavam de se reencontrar, deixou o MSN ligado e não passou aquela música "irada" que tinha prometido enviar para o Gustavo. Deixou a aula de karatê, o jantar preferido sobre a mesa e o sorvete de baunilha com cobertura de chocolate já derretia sobre a pia.
Deixou as boas piadas que só ele sabia fazer, e deixou os carros sem as melhores manobras que um rapaz podia fazer aos seus 16 anos.
Deixou a tia coruja que sempre dizia "Como você cresceu", o avô que sempre perguntava "Já perdeu a virgindade?" e a avó que sempre dizia "Venha, meu filho. Fiz um lanchinho pra você."
Deixou tudo porque vivia num mundo só dele.
E não, nada disso é verídico. Ao menos não para mim, mas com certeza, eu digo isso com ABSOLUTA certeza, que no mundo tem dezenas desses adolescentes. Deixando tudo para trás porque tem medo de encarar, tem medo de se levantar e lutar. Medrosos.
Meus jovens, quando se tem 16 anos, nem sempre a namorada é futura esposa. E quando se ama sozinho, quando o tal amor não é recíproco, morrer não é a melhor opção. Todos sabem que dói, todos sabem que quando perde alguém que gosta de verdade, sente um vazio sem tamanho. Mas a dor diminui um dia, e passa a ser bem suportável. O suficiente para tocar a vida para frente.
E se você quer "causar", suicídio já está virando moda.
Quando estiver mal, querendo morrer. Planta uma árvore, um roseiral, disso você não vai se arrepender jamais. E com certeza, todos vão te valorizar mais por isso.
Fica a dica.

domingo, 15 de junho de 2008

Rave Vibetronic.

Estava frio, bem frio, na verdade. Fumar um cigarro parecia ser a melhor opção.
O lugar era grande, bem grande, na verdade. Conversar a vontade parecia ser a segunda melhor opção.
No centro, tinha uma casinha, que se alguém reparasse bem, ela já estava bem velhinha. Telhas quebradas, paredes sujas e mal pintadas. De um lado dela, tinha gente, muita gente. E a música era a melhor, Psy enlouquecendo as pessoas.
Do outro lado, tinham duas cadeirinhas. Ele sentado na da esquerda, ela sentada na da direita. E sentados ali, tudo o que podiam ver eram os coqueiros, muitos deles. Um campo grande de futebol, carros estacionados e vários DJ’S chegando e indo embora.
Vez ou outra, os dois se abraçavam, mas passavam a maior parte do tempo brincando. Brincadeirinhas estúpidas de criança, beliscar, morder, contar piada, o outro achar graça e fingir que era horrível. Conversavam sobre tanta coisa, parecia que se conheciam há tempos.
Viram o dia nascer, o sol surgindo por detrás daquelas nuvens e a transição de pessoas e mais pessoas.
Não, não era a noite perfeita.
Durante a noite, o cabelo dela brilhava na luz negra e ela dançava como se não houvesse ninguém olhando.
Cumprimentava umas pessoas aqui, outras pessoas ali e se sentia bem sozinha naquele lugar grandão. Era só fechar os olhos e imaginar o paraíso, e tudo dava certo.
Ali tinha tanta gente, e poucos significavam algo. Ela queria um poucco mais, queria um pouco menos. Queria dançar, mas a energia estava se esgotando.
Ela queria ter mais forças, mas ficar 15 horas dançando sem parar, não é lá muito confortável.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Seria mais fácil se fosse por dose.


Passei a tarde inteira segurando a saudade em uma das mãos, para que ela nem fugisse e nem me aborrecesse enquanto eu tentava ler o tal livro que eu seqüestrei da minha Miss Mag.
Mas a saudade é bruta, inquieta, e aquela vagabunda não me deixava em paz.
Então a coloquei todinha dentro de uma garrafa, e a bebi num gole só.
Passou pela garganta queimando tudo, seria bem mais fácil se eu fosse paciente e bebesse por dose, arderia aos poucos.
Agora ela está me embrulhando o estômago, me apertando o ventre, gritando nos meus tímpanos e continua sem me deixar em paz. Ela se espalha por todo o meu corpo com uma facilidade que até me amedronta, me deixa com receio de reagir.
E queria eu que ela me subisse na consciência e pisasse no meu orgulho, não a ponto de destruí-lo, só a ponto de fazê-lo calar assim eu tentaria mais chances de conquistá-lo novamente, já que dessa vez, a culpa foi minha por completo.
É, passei a tarde inteira revendo minhas culpas e meus erros, já que não conseguia me concentrar na leitura, fiquei tentando arrumar um jeito de começar tudo de novo, recomeçar do zero.
Fiquei tentando deculpar minhas revoltas e aprender sozinha a lidar com elas, e isso sim eu aprendi, e aprendi também a colocar os pés no chão.
Mas agora que eu tenho uma paz só minha, eu quero dividi-la. E eu tenho vários pretendentes para ter um pedaço dela, mas quem disse que me importa? Eu só quero uma pessoa, que não está na fila. E eu não tenho esse tal alguém, então essa paz se transforma em vazio, e todo o valor que ela tinha, começa a desapareccer.
Então eu me agarro a esse vazio, porque é tudo o que me resta.
Me prendo a um desejo, um desespero de esperança que só eu sei como me enjoa, às vezes.
O problema é que lutar por você é cansativo, cansativo demais.
Mas ficar sem você é dolorido, dolorido demais.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

quer?

Vem cá, você quer pinha?

domingo, 1 de junho de 2008

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Eu lembro de uma história que aconteceu anos atrás, muitos anos atrás e eu já soube pelas bocas infames. Eram dois, um homem, uma mulher. O casal apaixonado, Roberto e Fátima. Desenhando plantas, formando planos, a perfeição no quesito Amor.
E num dia sem razão, ele disse que eles simplesmente precisavam acabar.
Disse que não questionasse, que por favor não fizesse aquilo mais difícil. Lágrimas.
Ele terminou aquele martírio, dizendo que se o mundo fosse repartido em vários pedaços, cada pedaço seria uma pessoa, mas que um pedaço só, seriam eles dois.
Depois de três semanas, ele morreu. Tumor no cérebro.
E eu me pergunto:
Por que certas coisas precisam ser tão injustas?