quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013


  Eu preciso deixar você, eu preciso. Já pensou se eu encontro alguém que me ame? Talvez que goste de futebol americano e converse comigo quando eu for contar sobre os jogos. Pode ser que não entenda absolutamente nada do ataque e da defesa, mas que se importe. Que um dia eu esteja toda suja de areia, cansada, treinando e ele apareça de surpresa para me olhar do banquinho. Que espere acabar, que me abrace mesmo que eu esteja suja e molhada e nada perfumada.
  Quem sabe alguém que saiba tocar violão e faça uma canção para mim? Já pensou? Uma canção feita pensando em mim! Eu lembro que você até comprou um violão, mas nunca aprendeu a tocar nada. Nada. 
  E se eu encontrar uma pessoa que sinta a minha falta, me ligue na madrugada para dizer que sonhou comigo, que ache legal eu lutar muay thai? Que queira entender das graduações e as cores dos kruangs e também que queira ir me ver treinar. Quem sabe?
 Alguém que me queira por perto, que queira ir comigo até onde eu for.
Até onde eu levar comigo.
 Eu preciso deixar você porque eu te amo demais, amo mesmo, mas não está mais fazendo bem e eu preciso cuidar de mim. Preciso seguir o meu caminho, sair do lugar, arrumar um emprego e conhecer pessoas que não me façam mal.      
 E se eu encontrar alguém que goste da cor do meu cabelo? Você nunca gostou. Pode ser alguém que me faça mais rir do que chorar. Parece difícil demais para você? Fazer com que eu ria mais do que chore? E se essa pessoa não mentir para mim? Em hipótese alguma? Se ela puxar a cadeira para eu sentar? Se ela cumprir com todo e qualquer acordo? Se ela FALAR? Se ela conversar comigo e perguntar e não aceitar e dizer e perguntar de novo e quiser saber e aonde vai e com quem anda e vá sim tome cuidado seja feliz cadê você eu te amo volta logo estou chegando não demoro a hora certa pontualidade...
 Se aparecer uma pessoa assim eu vou ter que deixá-la ir embora? Eu vou ter que deixá-la ir embora simplesmente porque eu passei a vida inteira procurando e então te encontrei e então passei tanto tempo a procurando em você? Eu nunca encontrei. Nunca encontrei e nunca vou encontrar. 
 Pode ser que ela nem exista e se existe pode ser que nem dê certo, mas eu quero ter o prazer de tentar. Tentar ser feliz de novo, meu amor.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

  Existem duas partes nesse mesmo processo. De um lado a vida escrita por um poeta, do outro o fracasso. De um lado a cidade coberta de pétalas de rosas no meio do outono, o perfume de lavanda na primavera enquanto do outro a cidade está coberta de chamas, de destruição.
  Abrir mão da primeira para resgatar alguém da segunda não parece a melhor opção, mas fique à vontade para tentar.


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Até que tenta não amar, mas para quê?

A verdade é que eu queria encontrar outro igualzinho a você... em partes! Sem todos os seus defeitos, talvez com outros. É preciso inovar.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013



Não esquece de mim?
Não tem como não sentir saudades
Posso ouvir a sua voz no meu ouvido me fazendo rir
Sempre me fazendo rir
E sem olhar para trás eu posso ver o seu sorriso
Seus olhos piedosos de bom dia
Tão ali, me deixando ir
Porque precisa me deixar ir
Mal tem como não ligar
Saber do dia, se chegou bem
Posso ouvir sua voz bem perto me confortando
Sempre me confortando
Afrontando os meus medos
- Não tem ninguém aqui
Além de mim, além de ti
Não fique assim.
Não tem como não sentir saudades 
Você sempre vai embora
Prometendo um Volto Logo
Prometendo um abraço fraco
Porque precisa me deixar ir
Deixar de ir
Pode ficar
Ou me levar, se preferir.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013



  Quando se é jovem e sozinha qualquer estrela cadente encanta. Um dia aquele bicho chegou por lá, tão magro, tão viciado em pó, tão mal encarado. - Duvido você fazê-lo sorrir! - Apostavam os demais.
  Era adorável demais, meu deus. Chegava dizendo boa noite, se drogava um pouco mais, mal percebia minha presença, ia embora. Sempre assim.
  A namorada dele parecia com ele. Dizia um Boa Noite mais forte que o dele, nem reparei se ela fumava do mesmo baseado ou se chegava só para levá-lo embora. Ele sempre ia. Davam as mãos, era tão tradicional, tão natural. Era preciso desviar o olhar. Ele era tão bonito, tão gentil, tão grosseiro e sério e carrancudo e sombrio e com uma carcaça bonita e grossa e impenetrável que ninguém conseguia se aproximar demais do Eu lírico dele.
  Ganhou uns quilos, largou o pó, e aquele sorriso? Seria capaz de iluminar o blackout da madrugada, de iluminar todas as casas e ruas e bairros e cidades e países e planetas!
  A vontade que se tem é de ser um belo quadro e imenso pendurado na parede do quarto dele só para que ele possa olhar e admirar de alguma forma, uma maneira qualquer. Com aqueles olhos tão claros e intimidadores ou pode-se ser também qualquer outra coisa que se possa ouvir aquela voz tão sombria com o dialeto tão escroto.
  Ele nunca se importou, nem lembrava onde eu morava, nem o time que torcia, nem meu nome, meu telefone, apartamento, a idade, o curso, a banda preferida, se usava aparelho, se tinha piercing, que tatuagem é essa? Fiz há 5 anos, você já viu. Nem lembrava.
  De repente estamos no mesmo barco, na mesma situação, diante da mesma decisão, da mesma confusão, da mesma dúvida. Do será que valeu a pena? Por que não fiz isso antes? Será que perdi tempo?
A diferença é que ele acha mesmo que as mulheres são bestas, e eu lembro de Confúcio. Ele é lindo, lindo.
  Você quer esse bicho para você? Ele é lindo, tem um sorriso incrível, o penteado dele combina com o desenho do rosto. Torce pelo time errado, fala tosco, trabalha, estuda, tem um abraço confortante, passa segurança, apesar de ser um pouco frouxo. Ele é lindo, lindo, em mil aspectos. Tem um andar que encanta e um olhar que apaixona, mas ele nunca me viu, ele nunca me vê. Quer conhecer?