terça-feira, 8 de novembro de 2011

  Naquela noite o telefone não tocou no horário de sempre, tampouco um pouco mais tarde com a desculpa de sempre - eu nem vi a hora passar.
A campainha também não clamou por ninguém, nem as panelas da cozinha exigindo um bom jantar.
  Fez um café para dois que bebeu sozinha, pensou que passaria a noite com os olhos vidrados na escuridão, mas adormeceu nos pensamentos. Pensou que acordaria aos pedaços e sairia às pressas largando alguns pedaços na cama, outros no corredor, alguns na porta do elevador enquanto o esperava e outros pelas escadas por não querer esperar mais.
  Pensou que não suportaria e que lamentaria a saudade, mas naquela manhã ela viu que poderia fazer isso sozinha. Poderia beber seu café, escrever seu livro, ver seus filmes sozinha e que não precisava de mais ninguém. Viu que de alguma forma poderia ser interessante acompanhada, mas quando a companhia se fazia cada dia mais ausente, chegaria ao instante em que não existiria mais, não faria mais sentido ou diferença. E esse momento chegou, naquela manhã.