domingo, 11 de dezembro de 2011

Você prometeu ficar comigo para sempre. O 'para sempre' mais depressa que eu já vi.
Certo, mas e agora?

Tínhamos planos, tínhamos metas. Nossos cachorros, nosso quintal, nossa varanda. O garotinho correndo com um boné aba reta, uma caneca de café maior que o seu copo de vitamina e um varal que ficasse longe do muro baixo. Tínhamos planos de dividir nossas escovas, a mesma cama, o mesmo abajur. Dividir as almofadas, o cobertor, a rede pendurada na varanda. A cor do vestido, o modelo da gravata, o penteado. Como seria tudo, onde estariam todos, onde estaríamos nós. E agora?
Agora para onde vamos nós? Eu sem você, você sem mim. Será que isso não te dói nem um pouquinho desse jeito que dói em mim?
  Algumas tardes refletem meses, enchem sua casa de lágrimas e de vontades que não sabe de onde vieram, mas estão ali. Tentando te encher de coragem para fazer qualquer bobagem que pareça solucionar todos os problemas. E é bem nessa tarde, bem nessa sala que você não vê ninguém. Que você ouve, você lembra, mas você não vê ninguém. 
  Alguns momentos deveriam repertir mil vezes quando a dor assolasse o coração. Alguns cheiros deveriam preencher todo o espaço quando não conseguisse mais esquecer aquele cheiro de podridão, de sujo, de lixo.
  Algumas músicas deveriam tocar sem que ninguém precisasse acionar, algumas noites deveriam chegar antes da lua dançar no vasto céu e o dia deveria surgir quando a escuridão começasse a fazer medo.
  Algumas dores não deveriam doer tanto assim, algumas pessoas não deveriam ser tão difíceis de esquecer.
  É complicado fazer planos quando não se tem um caminho traçado.