quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Muita coisa muda um pouco e algumas coisas mudam demais. Alguns sorrisos pedem o brilho e outros nem me aparecem mais. Alguns abraços vão ficando cada vez mais vagos, mais folgados, alguns outros nem vão mais ficando.
Daí você percebe isso tudo e tem mais é que ficar calado e ainda tem que ouvir alguém “Qual foi? Que cara essa, brother?” e você tenta conversar, mas não dá mais tempo, ele já dobrou a esquina em busca de alguma qualquer outra coisa um pouco mais interessante que você.
A cabeça das pessoas é meio estranha, cada parte do cérebro parece que estragou, cada neurônio queimou com cada trago do cigarro e a coisa vai ficando cada vez pior, cada vez pior.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Ele até que deu notícias.

O Pedrinho que havia ido para a reabilitação, dizendo temer voltar e os amigos de verdade deixá-lo de lado por ele não ser o mesmo, deu notícias. Pois dos tantos amigos que ele deixou por aqui, ele ligou para a Mariah. Falou que estava engordando para quando voltar “dar uns pegas nela”. Algumas decepções, Pedrinho, você tem que ver com seus próprios olhos. Mas e o Chico? Vocês são amigos há muitos anos, muitos anos. Nem um e-mail, ou “manda um abraço para o Chico”.
Não lembra mais? Manhã cedo e o Chico fazendo sanduíche de queijo qualho.
É, Pedrinho, às vezes a gente teme tanto uma coisa que acaba fazendo-a com outrem como defesa, quem sabe?
Ao menos faça tudo valer a pena, eu vi a sua mãe chorar, eu senti a sua mãe chorar enquanto me abraçava, Pedrinho. Faça mais que orgulhar seus pais, faça mais que orgulhar seus amigos. Se supera, Pedrinho. Orgulha a si mesmo, desfaz os obstáculos, se cura. Embora coisa ou outra venha a mudar, o que eu tanto queria eu já vi acontecer, agora o que vier é lucro. Fica bem.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O sonho americano que destrói o meu.


Você bem deve saber como é, agora estuda em Harvard (o que eu sempre quis para um filho meu) e mora em um bairro que é muito maior que a minha cidadezinha - que mais parece interior de estado médio do país. Sim, como eu dizia, você bem deve saber como é não ter muito tempo para muita coisa. Talvez você não entenda a princípio, mas é que há coisas que eu ainda não te contei, como o porque de estar sempre lamentando o pouco tempo que eu tenho - não que venham ao caso agora. Afinal,lamentei, lamentei e não falei o que tinha de fato para dizer.
Bem, quando chega o dia 09... dia 10 de novembro eu fico contando nos dedinhos da mão, o dia em que o meu menino fica mais velho, mais vivido, o quanto que já passou e o quanto poderá vir - e virá.

Quantas vezes vou dizer que você é um pedaço vital de mim, quantas vezes eu vou dizer que queria mesmo era só te abraçar e quantas vezes eu vou te agradecer por estar comigo quando eu muito precisei. Seu ombro que já deve estar enjoado do meu perfume e suas palavra que me dizem tanto e seu silêncio que me diz mais ainda que já devem estar muito surdos de me ouvir suspirar tão perto, tão mais perto, tão pertinho e cheio de cautela para não acordar seja lá quem for, ou o que for, suas revoltas internas para não te ver triste.

Eu nunca esqueço você, nunca mesmo. O tempo inteiro eu me sinto mais leve por saber que meu pedaço está longe e ao mesmo tempo me sinto muito mais pesada (não só por comer demais, gato) em saber que meu porto seguro está tão longe e eu não quero descarregar minha ternura para um qualquer na rua. Eu sei que ainda tenho amigos, amigos que me são necessários tanto quanto você, mas você, Urso, você é infungível. Seu espaço é seu e enquanto não for preenchido em matéria, me fará falta. É, Senhor Segurança, há vezes em que receio não ter mais seguro de mim e precisar mais ainda de você e saber que seus braços não me alcançam.

Ainda me culpo, você estava relativamene tão perto e eu quase nunca ia lá para te levar um Ovomaltine, quem sabe. Ou um DVD interessante que eu achei a sua cara ou até mesmo quem sabe para te dar um abraço e ir correndo para qualquer lugar antes que eu pudesse já estar muito atrasada. E agora longe, pior ainda. Tenho mais é que te manter no coração e no juízo e te proteger do frio, pois ter você comigo e não poder cuidar, não faz o menor sentido.
Está última noite foi nostálgica, eu fiquei sentadinha lembrando dos momentos incríveis com você. Os não muito momentos, mas os sempre incríveis que você me proporcionou. Todas as vezes que o seu sorriso me fez sorrir, todas as vezes que a sua voz me fez bem, seu toque me acalmou, seu abraço afagou. Esta última noite foi nostálgica porque eu fiquei relembrando os momentos que me pareciam mágicos e que de tão mágicos sumiram.
Thiago, Thiago, quando trouxeram a gente para terra não avisaram certas coisas não. Não disseram que certas coisas machucam e que só em saber que alguém que você ama está tão distante o coração começa a doer.
Mas me faz bem, faz bem ver que o tempo passa e que aqueles que me sustentaram na dor agora são homens de verdade, mulheres de verdade e estão levando a vida a sério. Eu lhe apóio, meu anjo. Apóio em qualquer decisão que você venha a tomar, qualquer idéia que você crie e qualquer outra coisa que você acha que meu apoio fará alguma diferença. Eu sempre te falei que você nunca vai estar sozinho, e eu falava sério. Não importa se EUA, Japão, Pernambuco, Farol, quando você precisar de alguém é só fechar os olhinhos e apertar bem forte e vai conseguir ver, mesmo que com os olhos bem fechados, que não importa a distância, os limites que puseram, não importa a sua decisão, a sua escolha, a sua meta, você nunca estará sozinho, os que lhe amam lhe serão uma sombra até mesmo quando anoitecer. E eu não esqueci de desejar Parabéns - com essas palavras para não fugir do padrão.

Pois bem, meu bem, vejo que já escrevi demais e falei de menos, o fato é que eu sempre tenho algo para dizer, mas nem sempre sei fazer direitinho, como no padrão. No mais, vou continuar na espera, na espera sem cessa, na saudade sem fim, no buraco no peito que chora de saudade, que morre de saudade, que mata de saudade.
Eu só lhe peço para que volte, ainda temos promessas, planos e convites para cumprir. Temos abraços para suprir, sorrisos para usar sem ter muito bem um porque, um porque além de você.
A sua paz é a minha paz. Fique em paz, fique bem, fique são.





P.S.: Eu te amo.



Jucy.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Do you remember me?
I said that I miss you,
I said that I wanna hug you
and that I'll never forget you.
And now, do you remember me?

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Os Bons Morrem Jovens - Renato Russo


É tão estranho
Os bons morrem jovens
Assim parece ser
Quando me lembro de você
Que acabou indo embora
Cedo demais

Quando eu lhe dizia
Me apaixono todo dia
É sempre a pessoa errada
Você sorriu e disse
Eu gosto de você também
Só que você foi embora...
Cedo demais!

Eu continuo aqui
Meu trabalho e meus amigos
E me lembro de você
Em dias assim
Dia de chuva
Dia de sol
E o que sinto não sei dizer...

Vai com os anjos
Vai em paz
Era assim todo dia de tarde
A descoberta da amizade
Até a próxima vez...

É tão estranho
Os bons morrem antes
Me lembro de você
E de tanta gente que se foi
Cedo demais!
E cedo demais...

Eu aprendi a ter
Tudo o que sempre quis
Só não aprendi a perder
E eu que tive um começo feliz...
Do resto não sei dizer

Lembro das tardes que passamos juntos
Não é sempre mais eu sei
Que você está bem agora
Só que neste mundo
O verão acabou.


Cedo demais!

[Mais de três anos, rapazinho, faz mais de três anos.]

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Conheço o meu lugar - Belchior



O que é que pode fazer o homem comum
neste presente instante senão sangrar?
Tentar inaugurar a vida como vida, inteiramente livre e triunfante?
O que é que eu posso fazer com a minha juventude
quando a máxima saúde hoje é pretender usar a voz?
O que é que eu posso fazer
um simples cantador das coisas do porão?
Deus fez os cães da rua pra morder vocês
que sob a luz da lua, os tratam como gente - é claro! - a pontapés.)
Era uma vez um homem e seu tempo...
(Botas de sangue nas roupas de Lorca).
Olho de frente a cara do presente e sei que vou ouvir a mesma história porca.
Não há motivo para festa: ora esta!
Eu não sei rir à toa!
Fique você com a mente positiva que eu quero a voz ativa
(ela é que é uma boa!)
pois sou uma pessoa.
Esta é minha canoa: eu nela embarco.
Eu sou pessoa!
(A palavra "pessoa" hoje não soa bem -pouco me importa!)
Não! Você não me impediu de ser feliz!
Nunca, jamais bateu a porta em meu nariz!
Ninguém é gente!
Nordeste é uma ficção!
Nordeste nunca houve!
Não!
Eu não sou do lugar dos esquecidos!
Não sou da nação dos condenados!
Não sou do sertão dos ofendidos!
Você sabe bem: Conheço o meu lugar! (4x)

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Atenciosamente, Jucy.


Já que a escolha é sua, chegou a hora de agradecer, é isso o que fazem as pessoas quando ficam gratas por algo que receberam. Portanto, obrigada por tudo. Pela paciência que não foi muita, mas foi muito mais do que eu esperava. Não que tenha sido a que eu mais ganhei, mas me foi suficiente. Ah, obrigada por ter me deixado esperando tanto, por tanto tempo mesmo, mas me deixou esperando sabendo que você iria chegar uma hora ou outra. Obrigada pela atenção, que sempre foi um pouco... Pouca, mas eu aprendi a ter atenção dobrado; por mim e por você. Obrigada pela corrente, ela é linda. Obrigada por não ter vindo na última noite mesmo depois de eu ter te ligado e te pedido para vir, eu acho que eu precisava mesmo era ficar sozinha e se não era isso, foi o jeito. Não que eu tenha me sentido melhor, mas vai ver depois de um tempo tudo se encaixa.
Obrigada por ter me feito chorar naquele dia, me fez sentir tanta raiva que eu chorei. Fazia anos que eu não chorava assim, demorará anos para eu chorar assim de novo, alma limpa por um bom tempo. Obrigada por ter tentado me apunhalar com o seu passado, com as fotos e recados e lembranças e frases e sorrisos e coisas do tipo, era tudo o que eu precisava para ver que meu passado foi lindo, mas que o meu presente vale mais e que em pouco tempo eu vou querer morrer ou desejar logo um futuro melhor, se continuar nesse ritmo. Mas ainda assim, o meu presente vale mais.
Obrigada pelos beijos que calaram a minha voz, e pelos gritos que calaram também e por ter deixado o meu silêncio falar muito mais e muito melhor por mim e mais melódico que seus gritos e estresses e olhares raivosos que nunca nos levaram a lugar algum.
Quando eu te vi pela primeira vez, eu fiz um projeto de você no meu subconsciente e esse projeto foi evoluindo e evoluindo e no fim das contas eu vi que eu produzi você errado.
Você não é nada do que eu pensei que fosse, eu poderia até dizer que é muito melhor, mas depois de descobrir que a minha tristeza alimenta a sua alegria, eu já não sei tão bem se é realmente muito melhor. Talvez tão bom quanto, nada menos, mas é que você me desnorteia muitas vezes.
Você exige demais do que eu posso dar, mas eu não quero, eu não vou. Não abro mão do que tenho, você sabe. Síndrome do Esquilo, lembra? Acho que não.
Obrigada por tudo, meu bem, por tudo. Eu só não queria ir embora sem antes agradecer. Lembra quando eu te falei que você e suas implicâncias estavam desgastando tanto que eu já estava cansada? Que você até falou que eu estava menos estressada. Meu amor, as pessoas cansam. Eu tenho um coração fraco, para ele parar de uma vez por todas são dois tempos. Um... Dois.
Eu gosto muito de você, tanto que às vezes parece que vai escorrer pelos poros, mas eu também gosto de mim e eu tenho uma imagem a zelar. A imagem que eu vejo todos os dias no espelho e aquela que reflete ali eu não vou decepcionar não, nunca mais. Nem àquela e tampouco àquela que está deitada com o notebook nas pernas, gritando para me mandar baixar o som. Eu prometi para ela que eu não ia me deixar sofrer dessa vez e que se você fosse embora eu ia saber me virar, não vou deixar minha palavra para trás.
Eu sei que seu orgulho tem cerca de 1,70m de altura, 64 kg e deve vestir 40, mas meu bem, ele só arranca meus rins se eu deixar e eu não deixo. Um... Dois.
Ou você resolve seus problemas internos e me procura, deixa seu coração estático, cura suas dores e feridas e amores do passado ou você fica comigo e nós dois cuidamos disso tudo, mas não esqueça que nem tudo vai ser do seu jeito. Um... Dois.
Eu não tenho vocação para ficar naquela típica cachorrada adolescente de acabar, voltar, acabar, voltar e blá blá blá. É preciso termos certeza das decisões que tomamos, pense bem, pense bem.
Eu não quero que você vá embora não, eu estou fazendo o possível para que fique tudo em paz e para que dê tudo certo. Abri mão de muita coisa, até de gente para te ter comigo e eu não quero te deixar escapar assim tão fácil. Mas não esqueça que meus amigos são meus amigos aqui e em qualquer lugar do mundo e eu nunca vou deixar de abraça-los e nem de ligar para eles, vai ter que confiar e conviver, eu sei respeitar. Um... Dois.
De verdade, com todo o meu coração, quero muito que você fique comigo por bastante tempo, eu fico mias alegre quando você está, mas se você quer TANTO ir embora, eu não vou te segurar. Fique bem, faça o favor de se cuidar porque esse mundo, menino, esse mundo é danado. É danado. Um...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Quarto de hotel


Então lhe serviram uma taça de vinho. Ele não sabe bem o por que, lembra que estava preste a dormir quando bateram na porta do seu quarto de hotel.
- Senhor Bramalho?
- Pois não.
- Desculpa incomodar o sono do senhor, mas pediram para lhe servir uma taça de vinho antes da meia noite.
- Perdoe, mas eu não estou entendendo.
- Eu também não.
Ela era linda. Os cabelos deslizavam pelos ombros e cobriam sem querer querendo o olhar da menina. Tinha um sorriso tímido e se vestia muito bem, ele também não queria saber onde estaria o uniforme da garota. Pensou algumas vezes em convida-la para entrar e tomarem o tal vinho juntos, mas achou que seria uma verdadeira displicência de sua parte. Não sabia quem era a moça tão bela, nem de onde veio e tampouco porque estava servindo vinho sem um uniforme.
A moça, a linda moça que largou o carrinho com o Saint Amour já aberto e a taça já servida na porta do quarto de número 37.
- Hey, o que houve? – Perguntou enquanto a moça estava dobrando à esquerda no final do corredor.
Ela nem olhou para trás. Bramalho ligou para a recepção e informaram que a tal morena com olhos grandes e assustados acabara de ir embora às pressas. Era uma exata noite de quinta-feira, 23:28 hrs, 21 de agosto do ano de 2000.
Ele ficou sentado aos pés da cama tentando compreender a situação. Se de alguma forma ele conhecia a maluca com um perfume que não saía da entrada do quarto, se era alguma cilada de sabe deus quem, se na verdade ela era maluca mesmo e entregou o vinho no quarto errado ou mais ainda se ela havia criado aquilo tudo para conseguir algo. Se ela conseguiu, se não. Bramalho era meio nervoso e saiu inquieto pelos corredores do hotel, no andar de baixo ele ouviu a gargalhada que ecoava há exatos 8 anos em seu subconsciente. Sabia que era Lysa. A gargalhada parecia uma melodia muito bem feita, ele ia seguindo as notas musicais como as crianças seguiam as borboletas no jardim quando estavam na casa da vovó. As notas falantes levaram Bramalho à porta do quarto do andar debaixo. Ficou parado em frente a porta do quarto dela enquanto pensava se tocava a campainha e se por acaso tocasse, o que iria dizer. Enquanto colocava a mão na cabeça para tentar segurar o desespero com uma das mãos, a porta foi aberta. Fugiu um cachorrinho e um rapazinho atrás do cachorro. O menino tinha covinhas no rosto e os dentinhos retinhos, um sorriso lindo e singelo como o de Bramalho.
- Ele puxou ao pai. Hahaha.
A dona da risada tinha uma pele macia como a de uma maçã, o sorriso bonito como o de um coringa, o olhar terno como o de um bebê. Ela o viu e foi andando em sua direção. Quando os braços estavam tão pertos e os lábios eram quase um só, ele acordou. Com o rosto inchado de tanto chorar, jogado aos pés do túmulo de Lysa em um cemitério florido perdido na Av. Niemeyer. No dia 21 de Agosto, em uma coincidente quinta-feira, tal qual no sonho. Com o mesmo Saint Amour manchando o seu novo terno e molhando a sua carteira de cigarros. A moça que havia lhe servido o vinho estava passando no exato momento em que ele pegou um cigarro para acender. Ela abaixou bem perto, ele sentiu o seu perfume, ela pediu licença para sentar e ele lhe deu uma carona até em casa.Há cinco anos que ele não se ajoelha mais diante do túmulo da mulher que matou o seu filho mais velho.

sábado, 19 de setembro de 2009

Não, com certeza.

sábado, 22 de agosto de 2009

Um texto de Guilherme Vilaggio Del Russo:




Somos uns sinceros num mundo onde hoje isso deixou de ser uma qualidade. As pessoas normais nos cansam. O modismo está fora de moda assim como o amor. Nossa luta em convencer os outros pelas palavras parece tão vã e difícil. Somos eternos rebeldes e inconformados com a podridão do ser humano. Mesmo assim, a gente estica e estende a mão para o primeiro desconhecido na rua.
A gente é daquele tipo discreto, mas marcante. Do tipo que experimenta um ou dois cigarros, só para ver se ele se adapta ao nosso estilo. Somos filhos dos anos 70, cheia de revolucionários e ideais, vivendo na mesmice de um século XXI, sem tom.No nosso relógio, falta um minuto para tudo: tudo dá tempo, o tempo dá tudo. Estamos em plena campanha contra a vaidade. Vaidade de sentimentos. Somos um punhado geral de pessoas sem pudor de dizer eu te amo.
Resumindo, somos loucos pela vida, apaixonados pelo sorriso sincero, pelo sabor das palavras. Irmãos de all-star. Nos encontramos num trecho de nossas vidas e eu quero torná-lo para sempre. Diferentes,vibrantes e otimistas.
Nós, somos raros...



[Guilherme Vilaggio Del Russo ]

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Deita na cama desfeita.


Magoamos certa gente, sem sentir dó, sem sentir o cheiro do pó, é sem querer. A gente ama em tantos sentidos e tantas vezes é no que mais sentimos que faz doer, é nesse que faz a gente sofrer. A gente queima deprimente e faz os olhos dessa gente muito arder, faz escorrer uma gota de féu, reflexo do amargo que vem do céu e bate no peito já sem bater. Meu amor, meu amor, enquanto o mundo gira a gente fica sem ter muito o que fazer e quando a gente faz não é por querer magoar outrem. Meu amor, meu bebê, eu só vim para pedir para você não ir embora pois está chegando a hora de a gente crescer. Beber do cálice vazio e encher o coração sombrio com alguma coisa que pese o suficiente para não nos deixar cair. Está na hora de darmos as mãos e não deixar a compaixão fazer bagunça aqui por perto.
A gente tem que ser esperto para não deixar todo o deserto secar a vontade mais sublime de viver, a gente tem que ser sacana para não deixar toda essa grana mandar no mundo aqui de dentro, nem em mim e nem em você. A gente tem que ser pilantra para não deixar rasgar a garganta com um grito abafado que gente alguma vai ouvir.
Meu amor, meu amor, eu vim aqui para dizer que lhe encontrar onde não tem ninguém foi o melhor que me aconteceu. Que seu sorriso é tão bonito e maldito seja o dito que mente que escureceu. O seu sorriso não escureceu não, mocinho, não escureceu pois ainda me cega e é diante dele que eu mais quero enxergar. A gente tem que agarrar com força toda a fé, toda a minúcia para não desestruturar. Está tão longe dos olhos vis, da mulher, dos travestis que ficam em todo lugar. Ficam em todas as travessias, todas as mordomias, todos os sinais.
A gente cansa, mas a gente pede com calor e ninguém sede aquela boca que a gente já não beija mais. A gente cansa, mas a gente ama e para mim o resto tanto faz. Foi sem querer que eu falei que era tudo uma incerteza que na verdade nessa mesa ninguém aqui quer amar mais. Mas é tudo um amor só, preso inteiro por um nó que ninguém quer desatar nem tirar mais do lugar por ter medo que se espalhe nesse mundo desatento e perca a tempo o tormento que mantém essa porcaria viva. O tormento que mantém essa porcaria viva. Viva. Viva, meu amor, viva.

Essa porcaria ainda vive, meu amor, ainda vive e eu não quero te deixar de fora desse ritmo de afeição. Eu quero ver os meus dois sóis, enlaçar minhas pernas em seus lençóis e jurar amor eterno como nas lendas, nas mentirinhas que o povo conta. Não, mocinho, não vá agora não. O coração vai doer, a saudade vai bater e quem vai me ouvir? Não alimente o meu pelejo, não vire o sonho pelo avesso, não me perca tão de perto. E se eu não for mais voltar? E se eu não te deixar ir? E aí?

A gente briga com gente porque a gente tem mesmo é que falar, mas a gente esquece que essas palavras podem machucar. E machucam, meu bem, machucam e meus braços e pernas ainda doem de tentar contorcer a vontade de te prender de uma maneira ou de outra. Eu não tenho mais ninguém e o alguém que nem mais me mantém já anda com outra. Eu pedi para me deixar ir, pedi para me abraçar, me sorrir, me tocar e me soltar no mundo de novo, eu só queria te encontrar. E agora eu encontrei e eu sei que não lhe faço feliz como gostaria. Mas nem eu sei como fazer isso, senta de novo nessa cama, me deixa descobrir.
A gente briga o tempo inteiro, mas a gente se entende. A gente briga com uma gente que a gente nem sabe porque, nem nos dói. A gente briga entre a gente e é a noite pendente em uma ligação que nunca chega, em uma chegada que nunca é completa. O orgulho, meu amor, o orgulho joga a gente no fundo do poço e as paredes são lisas demais para escalarmos e sairmos. A gente só dá valor quando perde, já lhe ensinaram essa lição? A gente só dá valor quando perde. A gente mente, a gente sente, a gente finge que passou e de repente essa gente traz para a gente o que passado não apagou. E a gente senta na mesma mesa do mesmo bar, se desencontra nos versos de uma canção e outra e você tentando me interpretar e eu com medo de que você fuja e eu não te encontre em nenhum outro lugar.
Eu temo não te encontrar em nenhum outro lugar, portanto fique aí mesmo, canalha. Fique aí mesmo porque eu sei que estou errada, mas você é meu refúgio. Você sabe que eu estou errada então pára de querer que eu fuja de mim mesma. Fica aí mesmo, canalha. Fica aí porque aonde quer que você vá é em mim que você vai pensar. Não foi assim que você me falou? Que me amava e que não havia nada que te fizesse colher do chão o que restou? Daquele passado recente, daquele projeto de gente que você quase morreu de amor.
Eu sei que a gente grita em um silêncio de ensurdecer e eu aprendi a superar o frio que cai em mim no anoitecer, sempre que você não está. Sempre que você diz que vai chegar e nunca chega, sempre que você diz que vai deixar tudo ficar muito bem, e nunca fica.

Às vezes a gente pensa tanto na gente e esquece de pensar na gente com a gente, hoje eu levei minha dor para passear, meu amor. Levei porque só ela me acompanha. E o apoio moral? Só ela não me estranha. Hoje, meu bem, eu acordei mais cedo para tomar café no jardim, despetalar umas rosas e brincar de Bem-me-quer, Mal-me-quer, procurando sua resposta nas pétalas do chão. Não, não vai embora agora não, eu sei que já falei muito, mas é quase nada do que eu realmente tenho para te falar.
Não é do seu beijo libidinoso que eu preciso, eu não quero mais me submeter a esse seu amor mentiroso, lascivo. Eu não quero mais ter que ficar a mercê das suas dúvidas. Ou me prova um sentimento limpo, um companheirismo ou pode mesmo ir agora, sem nem pensar que eu vou te pedir para ficar. Eu não vou te pedir para voltar.

Isso, deita de mansinho, pára de achar que eu tenho que pagar pelos erros que você cometeu e digo mais, por aqui quem vai começar a ditar regras sou eu. Quando deita nesse travesseiro, o passado não tem vez. Os amores mal acabados não existem mais, eu quero meus pezinhos enrolados, minhas mãos atadas com as suas e calmaria. Não se preocupe, meu amor não acabado eu deixei dentro da primeira gaveta. Por hoje, ao menos por hoje, a partir de hoje, a gente fica em paz.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

MATANZA.



É HOJE!

Por favor, que nada me faça triste esta noite, que nada me decepcione esta noite, eu esperei tanto.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Convite sem recusa.


De repente tudo vai embora. Se esqueceu o ferro de passar ligado, não vai dar tempo de voltar. Se a pizza está no forno, só dá tempo de queimar. Se a Coca está muito quente, não dá tempo de gelar, se o cigarro está aceso, não dá tempo de fumar. Lançaram um disco novo e nem tem tempo de escutar, se arrumou mais de uma hora sem ter tempo de ir dançar. A prova ainda viva de que a vida e a morte estão tão próximas que nós nem imaginamos, a morte quando fixa o olhar em um de nós, não tem nada que o desvie. E os sinais? Quando você sabe que um moço que você conhece morreu, automaticamente vai voltando a fita no seu subconsciente. A última vez que falou com ele, que falou sobre ele, que pensou nele, que tocou na mão dele. A última vez que lhe pediu o isqueiro emprestado, que pediu licença para passar, que pediu para abrir a porta. Essa semana eu estava andando na rua e pensei “Eita, o Ricardinho, vou lá falar com ele.” Cheguei perto, nem era. Foi no dia seguinte, meu bem, no dia seguinte que me ligaram para dizer que Ricardinho havia morrido, o carro estava detonado.
E dizem que foi um acidente. Acidente? Acidente é topar o pé em uma pedra esquecida no caminho, é derramar café no trabalho da faculdade, acidente é cortar o dedo abrindo uma lata de sardinha, quebrar um copo na cozinha, chegar mais tarde sem avisar, quebrar a ponta de um lápis, escorregar quando a doméstica está passando pano, prender o dedo na porta do carro, tropeçar no pé alheio. Não quando um carro vira lata velha e um homem vira carne morta. Foi uma tragédia, uma catástrofe, matou alguém.
E quando é recente, você passa a ter medo e viajar nas lembranças. Tem medo de não dar tempo de dizer que ama com todo o coração, de não dar tempo de terminar o curso, de fazer o suco, de ligar para dizer que sente saudades, de desejar parabéns. Medo de não ter tempo de pular daquela ponte nas águas geladinhas daquele rio e levantar gritando “vem, vem!”. Tem medo de não ter mais tempo. Seja tempo o suficiente para decidir para onde vai, para decidir se prefere a camisa azul ou a preta, medo de não conseguir contar a verdade, de não entregar o que prometeu, de não ir ao show da banda que mais gosta. Eu tenho medo de não conseguir ficar em dois lugares ao mesmo tempo e segurar a mão Dele, como quem segura a mão de um príncipe.
E as lembranças? Bem, a respeito de Ricardinho são poucas. Fim de semana na praia dele, na casa de um amigo em comum. Ficávamos no quarto conversando, eu, ele e uns amigos em comum, inclusive o dono da casa em comum.
Ia andar pela praia, na areia fina do Francês, “Ricardinho, rapaz!”, e ele mal sorria, era sério.
Ele sabia onde vendia flau de maçã, é verdade, lembrei disso agora, ele sabia onde vendia flau de maçã.
Eu moro em um estado pequeno e em uma cidade que é muito menor do que deveria ser, conheço N por cento da população e o tempo inteiro morre XYZ por cento dessa população, mas eu quase nunca conheço um deles. E fico grata, são pessoas que não fazem mal a ninguém. Ainda acho que não deveria. Ele nunca matou ninguém seja lá por qual motivo for, nunca assaltou ninguém para alimentar um vício e nem para outros fins. A vida seria muito mais cômica se não fosse tão trágica. E é diante de situações complexas como essas que eu tenho a plena consciência de que deve provar de tudo na vida, aproveitar enquanto se pode sorrir. Quem quiser cheirar pó, que cheire. Quem quiser tomar doce, que tome. O amanhã pode ser interrompido em uma colisão com um fim deplorável. E quando o fim estiver lhe puxando pelo braço, ele não vai te esperar abotoar a calça, nem te esperar terminar de jantar, nem colocar mais açúcar, ou retirar o pimentão da salada. Não vai esperar nada, você vai como estiver, fazendo o que estiver fazendo. A morte não lhe tem piedade.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

A conclusão foi inevitável, ela era tudo o que ele queria. Era essa que era igual às outras, ela tinha o sorriso igual ao das outras, ela tinha o gosto musical igual ao das demais, ela tinha até o corte de cabelo igual ao das demais. Mas Ela não. Ela era diferente, ela era mais, muito mais que as demais. Eu tinha que te dizer.

domingo, 19 de julho de 2009

Disritmia - Martinho da Vila.

"Eu quero me esconder debaixo dessa sua saia prá fugir do mundo
Pretendo também me embrenhar no emaranhado desses seus cabelos
Preciso transfundir seu sangue pro meu coração que é tão vagabundo.
Me deixe te trazer num dengo prá num cafuné fazer os meus apelos.
Eu quero ser exorcizado pela água benta desse olhar infindo
Que bom é ser fotografado, mas pelas retinas dos seus olhos lindos
Me deixe hipnotizado prá acabar de vez com essa disritmia
Vem logo, vem curar seu nego que chegou de porre lá da boemia.
Eu quero ser exorcizado pela água benta desse olhar infindo
Que bom é ser fotografado, mas pelas retinas dos seus olhos lindos
Me deixe hipnotizado prá acabar de vez com essa disritmia
Vem logo, vem curar seu nego que chegou de porre lá da boemia
Me deixe hipnotizado prá acabar de vez com essa disritmia
Me deixe hipnotizado prá acabar de vez!
Vem logo, vem curar
Vem curar seu nego que chegou
Que chegou de porre lá da bo
Lá da Boemia."

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Levanta devagar e chora.


Pois não, minha princesa. Eu sei que há vários dias você está um tanto adoentada e sabe-se lá como e porque, mas além de tudo está surda temporariamente de um ouvido. Mas minha linda, você precisa reagir. Nós duas sabemos o quanto não interessa ter tantos homens em mãos quando nenhum cabe direitinho no lado de dentro do peito, nós duas sabemos. Você fez a escolha certa quando disse para ele e para o outro lá que nada do que possa ser feito vai ser mais importante que a sua decisão nada precipitada.
Minha princesinha, eu sei que essa surdez lhe incomoda bastante, mas ela já já vai passar, você vai ver. Deixe agonia e preste atenção no que eu estou falando. Além do mais, você me ensinou a ver um lado positivo em cada coisa que acontece na vida e não é agora que você vai deixar essa tese de lado. Minha linda, sorria, uma vez só. Você lembra da festa que faziam quando seu sorriso abria e trazia luz? Eu não quero te ver entregue às baratas, não quero te ver procurando um caminho que você até mesmo já sabe que não lhe levará a lugar algum, eu não quero chorar no seu túmulo agora, meu anjo, reaja. Levante desta morbidez, rainha, levante. Levante porque o mundo visto daqui de cima é muito mais bonito, muito mais interessante. Pare de pensar nele, de pensar se ele está pensando em você, não importa se ele pensa em você, importa que a vida é muito mais ampla que o espaço que ele ocupa na terra. Menino portador de uma matéria irrelevante, minha linda, ele não pode ocupar o seu lugar no espaço.

Minha menina, eu te amo a ponto de te fazer chorar se for necessário para te forçar a encarar o mundo. Levante deste inferno. Se as pernas lhe doerem você apóia no meu ombro, se o peso nas costas for maior do que você acha que pode suportar, segure em mim. O importante é que o peso da consciência seja mais leve que uma pluma branca como a dos pombos que vivem sobrevoando o nosso jardim. Minha princesa, o nosso jardim. Faz sete dias que você nem sequer abre a janela, você sabe o quanto as borboletas fazem questão do seu perfume, mais ainda que o das flores. Você está morrendo, menina, morrendo. Entregando-se à sepultura de um rancor tão vivo, para que? Morrendo em troca de nada, morrendo em troca de um aplauso de saudade. Em troca de rosas murchas sendo jogadas em cima de ti para dar uma coradinha na pele pálida. Eu não quero te assistir morrer.

Minha princesa, minha princesa, você não estava errada quando disse tudo o que queria dizer, seu coração falou por si só. Ele não vai se machucar e se sim, é uma pena, mas nós duas não nos importamos, entendeu? NÃO nos importamos. Eu sei que há vezes que ele te diz que vai ligar e que precisa conversar com você, mas essa é a hora que você não quer mais saber, a hora que você está cansada da voz dele, a hora que pensar nele dá náuseas. Você me disse da outra vez, você me disse. Por que essa ceninha agora? Você já falou para ele, menina, você já falou. Sua vida é sua e a dele ele que escolha de quem é, escolha para quem dar. Esse é o instante em que você chega bem séria e fala que não pretende manter contato. Você não precisa de nada disso, mulher, não precisa. Ele te olhou com desprezo, cochichou no ouvido da outra e foi passar a noite na casa dela. Devem ter assistido um filme e tomado sorvete, como dois amiguinhos adolescentes. Tsc tsc tsc, minha linda, você não precisa disso, nunca precisou. Você nem o ama, nem sequer sente pontadas no coração quando ele está por perto, para que isso agora?

Repete, vai. Menina, menina, levante deste chão, joga esta merda de aflição para cima e corre para viver antes que ela caia na sua cabeça novamente. O outro lá nem sequer leu a sua cartinha, disse que era emocionante porque deve ter lido o “P.S.: Eu te amo” no final, porque era o que mais chamava a atenção e mais ainda porque infelizmente aquele ali você ama de verdade. Mas ninguém vive de amor não, nem morre. Fui límpida como as águas claras do Oceano Índico? Assim espero, não conseguiria ser bem mais.

Você tem metas, garota, tem sonhos. Você não pode deixar tudo para trás agora porque um órgão muscular gritante aí dentro está fazendo a festa, deixe o seu cérebro se impor, ele sempre faz isso e sempre faz muito bem.
Clássico! Típico de garotas que passaram a vida inteira fugindo do amor e quando não tiveram mais para onde ir, se jogaram no chão.

Minha linda, hoje o dia inteiro vai estar nublado, eu vi no jornal pela manhã. Que tal aquele passeio pela orla? Ou um sorvete, um chocolate quente, ou bem melhor que isso, café com pão de queijo. Que tal? Vamos, menina, vamos. Levanta desta porcaria de chão porque quando se está aí não se tem mais para onde ir, o chão é o limite. Venha, gatinha, venha logo que eu já estou juntando formigas de tão doce que estou. Nhén nhén nhén.


sábado, 4 de julho de 2009

Nem se soubesse.



Ele não sabe. Não sabe qual livro eu mais gosto, nem porque eu parei de ler Sangue na Neve e porque até hoje eu prometo escrever um livro e nunca dá certo. Nem sabe bem ao certo porque nós dois não daremos certo. Falando em livros, há quem ache Henry & June a minha cara, por motivos relevantes e como já devem bem saber, ele nem conhece esse romance. Ele nem sequer quer conhecer mesmo sabendo que eu gosto tanto, nem quer um motivo, não se importa. Não sabe porque eu mudei de perfume, não sabe das minhas lembranças, nem porque certas coisas me dão dor no estômago. Ele nem se importaria com minhas dores no estômago.
Não se interessa em saber porque eu fico em silêncio umas vezes e noutras eu falo pelos cotovelos. Nem se interessa em saber por que às vezes eu quero ficar mais tempo e porque em outras eu quero ir embora, e m b o r a .
Não, ele não sabe o que eu tenho em mente e nem das coisas que eu tanto tenho para falar e nunca falo, não por nada, nem esperando o tal momento certo, mas porque há vezes que eu sei que o silêncio fala muito mais bonito do que eu.
Ele nem sabe, meu jovem, nem sabe o quanto sinto saudades, nem o quanto amo, nem o quanto espero e nem o quanto sei fingir que está tudo bem, fingir que está tudo certo.
E quando nada está nos eixos eu passo a ser ela e quanto a ela, ele não sabe de nada ainda, ou já. Não sabe se ela vai cortar o cabelo, se prefere Fanta, se parou de usar drogas ou se ainda fuma Marlboro. Sabe apenas do bolo de banana que ela aprendeu a fazer com a avó, até diz que fica divino. Mas ele não sabe mais nada, não sabe se ela prefere o café muito quente, morno, frio ou se prefere água. E se soubesse, não lhe serviria.
Não sabe o quanto ela gosta de rosas, nem isso ele deve saber.

Quanto ao vermelho, ele sabe menos ainda.
O vermelho. Esta última noite o vermelho que ele odeia estava no cabelo dela, nas roupas, nas unhas, nos lábios, nas veias, nos olhos, no peito. E no peito era um vermelho vivo, escorrendo e escorrendo, sabe lá o tamanho daquela dor que lhe fazia encharcar a alma, sabe-se apenas que era frio, era constante e quando chegava no chão, o vermelho talhava. Talhava. E aquele cheirinho de vida morrendo era o que lhe fazia sorrir. O sangue.
O vermelho que ele tanto abominava era o que a sustentava em pé e com isso ele também não se importava.
E enquanto ela viajava no nada, nas bobagens, ele achava que era o último biscoito do pacotinho, a última Coca-Cola do universo, sem saber que muitos não gostam de biscoito e outros preferem só a Coca, a tal da Cocaína. E ela? Ela gostava mesmo era dos três. Que mentira.
E ele continuava sem saber, se ela ia chegar cedo, se as lágrimas eram da tal irritação nos olhos ou era uma irritação interna, daquelas que não dá para aliviar com uma gotinha de colírio. Sem saber, sem saber de nada. Sem saber porque bebia tanta água, sem saber se havia aprendido a bater de bomba no dominó sem passar a perna no adversário.

Não sabia se ainda desejava matar alguém para sentir a vida escorrer por entre seus dedos e não sabia menos ainda se a menina já havia aprendido a dirigir. Ele não sabia a sua cor favorita, seu programa favorito, não sabia se ela ainda preferia ouvir o velho Michael Jackson ou uma das novas bandas que querem chegar causando. Ele não queria nem saber.

Nem sabia porque ela gostava tanto dos coringas da sua perna, porque ela tinha um fascínio por jogos e porque ela sempre dizia que ia parar de fumar e depois de três anos esse momento ainda não havia chegado. Ele não sabia porque.
Se ela chorava, se ria, se gritava e se sumia eram motivos pessoais, não lhe cabiam.
Se nada, era nada, também não lhe cabia.
Enquanto ela o amava, ele a olhava amá-lo, deveria ser a cena mais bonita. Eu não sei por nunca ter visto ninguém olhar para mim com olhos de ternura, ternura o suficiente para me consumir por inteira, como os dela faziam.
Ela morria sem ele saber, ele morria sem saber dela.
Ele não sabia, não sabia para onde ela ia e nem por que ia e nem se de fato gostaria de ir, não sabia se ela ia mudar a cor do cabelo, se dormia com a mesma boneca, se sofria do antigo Transtorno Obsessivo Compulsivo relativo aos interruptores das escadas que subia no seu prédio. Ele não sabia nem se ela morava no mesmo prédio.

Ele não sabia, ele não queria saber, e ela ainda assim o amava e ele morria sem saber.
Ela era forte, era resistente. Quando escorriam, suas lágrimas derretiam avalanches, a pressa era a velocidade da luz. Ela era inofensiva, mimosa, simplória, até adocicada, mas não muito para não juntar formigas. Ela não era perigosa, não era fatal, ela só não se deixava amedrontar, não deixava passarem por cima dela. Ela era fria às vezes, mas quando ele passava tempos sem aparecer, ela ia derretendo aos poucos, aos pouquinhos, pouquinhos. Por que ela não dizia para ele o quanto o amava? Ela não dizia para ele o quanto amava. Para ele, não importava o quanto ela o amava. O quanto ela o amava? Quem sabe? Quem vai saber? Quem quer saber? Ele também não quer saber.

domingo, 7 de junho de 2009

Olhos que vivem em dor.


E a lágrima foi interrompida pelos risos, e estes se tornaram contínuos, como antigamente.
E formavam uma canção que eu não sei cantarolar agora, mas era muito mais bonita que o canto das lágrimas, muito mais bonita que o canto da dor. E sim, foi culpa dele.
O tal menino que atordoava as pessoas afirmando coisas com tanta convicção mesmo nem sabendo se eram fatos verídicos, e sempre alguém ia discutir, mas quem se importava se alguém tinha razão?
Aí ele chegava, falava umas coisas que podiam ser interpretadas de diversas maneiras e todo o sentimento que ali existia ia se tornando cada vez mais atônito, mais confuso. E ele, o rapaz, era sempre muito sincero por preferir que doesse tudo de uma vez a ir machucando aos poucos. Mal sabia ele que o coitado não tinha a menor culpa, que era o jeito qualquer dele que atraía os olhos atenciosos.
Olhos estes que eram procedentes de um coração que palpitava e que clamava o coração dele para uma dança a dois, e este termo oriundo era sempre em vão, o coração do menino estava sempre cansado demais para dançar mais um pouco. Mas os corações trocavam olhares e quando estes olhos tentavam se fechar para dormir já era manhã e era um novo dia de guerra, de batalha e ninguém queria sair perdendo. Haja força. Bem que elogiavam “Eu não conseguiria ser tão forte como você consegue ser”, mas era o mínimo que tinha a se fazer, manter-se de pé.
Os dois fugiam tentando se distanciar o máximo possível um do outro, fugiam fingindo que iam ali para voltar a qualquer instante por qualquer motivo, mas precisavam ir. Então fugiam, iam embora para o lugar menos provável e sempre se encontravam. Afinal, o dia inteiro correndo do que estava preso do lado de dentro cansava as pernas, então iam parar em Amsterdam, os dois indivíduos cansados e sem a menor gota de coragem para admitir que sabiam onde encontrar um ao outro sem querer. Sem querer.
E a fumaça subia, subia e se perdia no ar. E enquanto uns olhos seguiam a fumaça, os outros dois olhos seguiam os olhos anteriores procurando poesia, sempre encontravam. Os olhos daquele rapaz eram poetas, rimavam com as direções, havia versos brancos, uns versos simples, outros mais ariscos, outros mais românticos e toda a literatura do peito dos olhos que seguiam olhos estava estampada no olhar daquele menino que tinha a jóia mais rara no coração e não queria cuidar por ter medo de deixar cair no chão.
Vê se dá para acreditar, medo de deixar cair no chão. Sabia-se que ele era capaz de não deixar, sabia-se que ele conseguiria reciprocidade, conseguiria um cuidado maior, amar e amado ser, mas o que mais incomodava era que ele não queria arriscar.
Quem se viu? Diga, quem se viu ter medo de arriscar quando se tem uma vida?
Mas nada tinha a se fazer. Ele sabia que não lhe faltaria atenção, mas ser deixado de lado parecia ser a intenção verdadeira. Não faltariam risos, mas quando em excesso lhe incomodavam. Nem lhe faltaria companhia, ele nunca ficaria sozinho, nem que sua companhia ficasse sentada do outro lado do quarto, em silêncio para nem incomodar, mas a solidão parecia ser para ele o presente ideal. Ele tinha medo do amor.
De novo amor, o dito cujo que tirava o certo do lugar e que fazia o incerto ter razão. Sim, o único culpado por fazer o incerto ter razão. O escuro, o pardo, a sombra, a penumbra, o frio, o amor, o próprio. O gracioso que cegou os olhos que tanto piscavam no início do texto, que fez fechar para sempre as portas que davam destino à felicidade.
O estúpido amor, ou como ele mesmo diria, “o palerma”.
Enquanto ele pisava nesse medo, o coração lá de cima dançava sozinho. Vez ou outra ia para o jardim, sentava no chão – mesmo no sereno – e fumava um cigarro sem ter vontade de fumar, só para cessar a morbidez. Enquanto se julgava pacóvio, estúpido, palerma, mesmo sabendo que não tinha a menor culpa.
Essa dor uma hora vai passar, todas as pessoas bem sabem disso. Vai haver a demora, a angústia, a vontade de rasgar o peito e tirar tudo de dentro acreditando que o oco não vai fazer eco, mas vai. E vai ecoar para sempre, por todo o tempo, por toda a eternidade. E os olhos vão buscar por todo esse tempo uma maneira mais prática ou menos prática, mas eficácia para demolir essa dor que já estava subindo andares, acreditando piamente que vai parar. Não vai, tende a ser menos freqüente, tende a diminuir o ritmo, adormecer, doer menos ou o que seja, mas enquanto houver amor, vai doer e isso nem Freud explica.

segunda-feira, 1 de junho de 2009


"Para entender o nosso amor
é preciso virar o mundo de cabeça para baixo."

domingo, 31 de maio de 2009


Histórias (verídicas) que a Jucy ouve por aí:

*Após uma revista, uma discussão e uma dispensa*

Policial: Facilite, esse capitão é bravo que só a porra. Agilize, mermão!
Fulano: Agilize uma porra! Não saio daqui se o cara não for comigo. Eu sou responsável por ele e só saio daqui com ele!
Policial: Meu filho é debochado, não é?
Fulano: Debochado nada. Esse aí prende e solta depois. Meu pai quando prende não solta nunca mais.
Policial: Seu pai? Quem é seu pai?
Fulano: Coveiro em um cemitério ali no Jaraguá.


HSUAHSUIAHSUIAHSUIAHSUAHSUISAS =X

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Salgueiro Chorão.



"Salgueiro chorão com lágrimas escorrendo
Por que você chora e fica gemendo?
Será por que ele lhe deixou um dia?
Será por que ficar aqui não mais podia?
Em seus galhos ele se balançava
E ainda espera a alegria que aquele balançar lhe dava?
Em sua sombra abrigo ele encontrou
Imagina que seu sorriso jamais se apagou
Salgueiro chorão, pare de chorar
Há algo que poderá lhe consolar
Acha que a morte para sempre os separou?
Mas em seu coração para sempre ficou"

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Se fodeu!


Quem me faz bem.

Dizia que me amava e saía amando outras garotas por aí, fingia que me esperava enquanto o tempo parecia urgir, apressava-o por não ter tempo a perder, e mesmo assim perdíamos muito tempo e parecia ter pouco a fazer. Eis o tempo: Tic tac tic tac...
Sabe-se lá se ele já quis segurar a minha mão para não mais soltar, tampouco me abraçar para nunca mais me deixar ir embora, sabe-se lá se já quis me deixar e correr mundo a fora.

Sabe-se lá o que ele deveras sente, o que ele gostaria de sentir e mais ainda o que não.
Sabe lá se prefere primavera, inverno, outono ou verão.
Sabe-se lá.
Dizia que não queria, mas vinha. Dizia que não queria olhar, mas brechava pela soleira da porta. E quando não tinha tantas palavras para dizer, fechava os olhos, não sei bem porque, sei somente que tinha um olhar tão bonito, que fixava olhar alheio em suas piscadelas, como em uma atração.
Fazia o que podia apenas por ser gente boa, por ser amável, por ser apaixonante, mas não apaixonado – Sim, essa história novamente.
A voz dele tinha um timbre que encantava os ouvidos ouvintes e surdos que não queriam mais ouvir tanta verdade, as verdades que machucavam sem querer e se havia alguma esperança viva na dor que mais doía, desfalecia lentamente, como o rastejar de uma lesma já doente.
Eu deveria estar acostumada com certas voltas que o mundo dá, acostumada com certas condições que me impõe e que é preciso aceitar, acostumada com o mundo mesquinho que fica me atormentando e essa vida safada que fica me bolinando. Deveria estar acostumada com o surto do mundo, com o mundo do lixo, o lixo do mundo que chamam de Paz.
E passei a rir da graça por achar que ia me agüentar, passei a fingir não ter graça para conseguir suportar, e aprensento-lhes agora uma guerreira, suportei. Venci a minha guerra pessoal e diante mão aviso que se ele não me amar com uma reciprocidade verdadeira, a dor não vai ser suficiente para me apagar. Nem que eu vire rabisco, nem que eu grude meus pés no chão, nem que eu suma um pouco, mas nunca completamente. A dor tão ligeira que sai destruindo seres, não vai me vencer desta vez.

Eu aprendi, meu jovem, eu aprendi. Meu coração não pode deixar nunca mais o meu corpo cair.
E quanto a ele que me protege sem nem pensar, da chuva, do sol e do que mais eu precisar, eu posso acompanhá-lo até a porta do meu inferno, o meu bom e velho Inferno Particular. Olhá-lo e não deixar saber que vez ou outra quando me abraça, vai empurrando os punhais já fincados no meu estômago, esperando o momento certo para varar.

Mamão com açúcar, baby, me abrace sempre que puder, da maneira que quiser, mas não prometa me amar. Eu sei o quanto você não quer, eu não vou te pressionar. A seqüência dessa dor eu se cor, depois da dor eu sempre durmo bem melhor e no dia seguinte a angústia parece estar ainda adormecida e nem parece que vai acordar. Por trás da chuva tem um sol lindo, nunca ninguém te disse isso? Há sempre um bom motivo para se reerguer, sempre um bom motivo para viver.
Eu posso acompanhá-lo, meu amor, acompanhar até onde quiser chegar. Eu prometi que nunca ia te deixar sozinho, lembra? Eu nunca vou te deixar sozinho.
Eu tenho medo de te perder de vista e nunca mais te encontrar.
Pois bem, conseguiram unir a perfeição e a imperfeição em um só ser, juntar meu coração ao coração do improvável e eu não sei mais bem quem sou. Ou não quero descobrir que sou a mesma de antes. Sozinha, cansada, ocupada, vazia e com uma carência enrustida, uma fraqueza escondida por detrás das máscaras.
Eu vou me descobrir e vou me encontrar novamente nua, sem essa película fumê nos olhos, com mais saudades e cada vez mais crua. Sem esse riso permanente de orelha a orelha, sem esse risco que separa meu mundo do seu, sem tanta coisa. Mais vazia, um pouco mais vazia, acreditando no apogeu.
Vou me encontrar sem nada, sem choques, sem fúria, sem medos e cheia de amor. Esse é o apetrecho, o acessório, a coisa que não tem como tirar. Então depois que eu me encontrar em mim mesma, vou deitar em uma rede, em um lugar longe e espero que ao menos dessa vez, eu consiga dormir por muito tempo. E acordar quando a dor não mais doer, quando o sol não mais arder e quando você não estiver mais tão longe de mim.

Não pode mais ser assim, eu me peguei de novo pensando em você.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

R$


Umas mentirinhas bobas muito bem compradas e a dor sempre viva naquele coração sem sonhos, aquele coração de puta, sem futuro, sem fundamento, apenas faminto de uma paixão mais cara, mascarada, cada vez mais cara, quanto mais, mais caro, caro, o caro amor que lhe resta já não tem tanto valor.
Mentirinhas apodrecidas! Como maçãs que estragam o resto da cesta, como o cheiro que preenche a sala, como a explosão calada que ensurdece os culpados.
São as mentirinhas sem cheiro, sem cor, sem nada, nem nada, nem afeto, nem nada. As verdades escondidas no fundo do baú por temerem o riso do sol, temerem o murro da raiva, o ódio explícito em um grito de terror. O sopro que tira todo o pó do lugar e a puta mal paga não pode mais cheirar e pira. Fica louca, psicótica, o vício não foi alimentando por um sopro sem sentido e o preço? O preço não sobe. Inflação. Dessa vez ela vai ter que fingir que goza. Malditas putas vazias, nem para se apaixonar por duas horinhas apenas.
Adeptas às mentiras fajutas, aquelas que dão um gostinho à coisa, um sentido ao ato, aquelas que não tiram o sério do lugar. E o coração? Nem sempre vazio, nem sempre vazio, ou sempre vazio. E se cheio, meu pai, se cheio é em vão. Que homem vai amar com reciprocidade quem abre as pernas por uma nota qualquer? Não há homem que queira ser o décimo da noite, o terceiro da noite, o primeiro, mas não o último. Malditas putas pagas e não-pagas.
Um boquete por uma G de pó, bonito isso para aquela mocinha. - Coitada, não deve ter nem dezessete anos, mas é gostosa, pagam mais caro.
Não vai à escola, não trabalha com carteira assinada, fuma cerca de duas carteiras de cigarro por dia - antes fosse o Marlboro vermelho -, vive com o nariz sangrando, viciada. Vive com os braços marcados, viciada. Vive caindo aos pedaços, viciada. Vive vendendo prazeres, prostituta. Vive sem poder dormir, zumbi. Morre todas as noites em uma cama qualquer e acorda ao lado de um homem que nem sabe o nome e durante a próxima noite ela vai poluindo as ruas. Com aquele perfume fedido e forte, os trapos caindo pelas laterais e todos os sentimentos que um dia nela brotaram, vão se quebrando e caindo pelo caminho, sujando calçada alheia.
Viciada.
Ainda menina e nem quer saber o que gostaria de ser quando crescer. Se passar dessa noite, o ciclo nunca pára.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Encanto



Aí ela, ela e eu estávamos conversando, concluímos sobre príncipes encantados.
No meu caso, eu sempre esperei mesmo dizendo que não - como todas as outras mulheres que deram as caras no mundo - por um homem incrível. Um homem mágico – digamos assim-, na qual eu me apaixonava e amava sem estribeiras e que chegava em um cavalo branco, grande, esperto. O príncipe estava muito bem vestido e com uma rosa vermelha na boca, tinha um olhar apaixonado e mais que isso, apaixonante. E todas as qualidades que eu não acreditava que podia existir em alguém, existia nele, somente nele.
Aí eu me apaixonei e amo sem estribeiras um cara que chegou usando Havaianas. No lugar da rosa vermelha na boca ele tem um cigarro, nada de cavalo branco, ele prefere motos. Não tem o olhar apaixonado, mas é apaixonante como nem eu sei descrever e está sempre usando uma camisa azul e uma bermuda azul também. Acha que sabe detonar no dominó e o pior de tudo é que ele detona mesmo, então jogamos cartas e eu começo ganhando e termino perdendo. Não tem serenatas de amor abaixo da minha janela, mas tem o abraço caloroso que só ele sabe dar. O tal abraço que eu sinto tanta falta e só ele tem.
Muda um caminho perfeito para poder me acompanhar, me encanta como nem ele mesmo sabe como faz.
Não que eu não viva sem ele, mas estou naquele momento mágico em insistir que não só para que ele fique mais um pouco, mais um monte, dois montes, e eu passe a definitivamente não querer mais viver sem ele.
- Certo, eu já não quero.
É sempre assim, por mais que nós esperemos por um ser projetado em nosso subconsciente, é pelo desgraçado mais improvável que a gente se apaixona. E é essa improbabilidade que dá o gostinho doce e mais ainda o amargo do amor. O amor, o amor, o amor filhodaputa que está de novo tirando o meu sono.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Tentando entrar em uma mente vazia.



O mundo dos livros. Sexo, drogas e rock’n roll.
Ele me disse que a vida é curta e tem mesmo é que aproveitar.
Isso quase soou bonito, não foi? Mas eu quero mais, eu quero um pouco mais, eu quero saber mais um punhado de nada. Quando a música pára, a droga acaba e a mulher vai embora, o que será que ele faz? Em quem será que ele pensa? O que será que ele quer? Quando será que ele chora?
Eu dormiria e acordaria ao lado dele todas as noites possíveis da vida impossível e temperada que eu tenho. Eu só queria morrer durante o dia inteiro, todos os dias e ressuscitar nos braços dele sempre que possível. Sempre que eu quisesse acordar para a vida, sempre que eu tivesse frio, sempre que eu quisesse sentir um cheiro bom e sempre que eu quisesse abraçar alguém que amo e me faz bem até mesmo quando está calado, sem dizer nada, sem fazer nada, sem nada, nem nada, nada, nada.
E quem será que lhe dá frio da barriga? E por que ele é tão carinhoso e sempre fala umas coisas bonitas meio que sem querer se depois ele vai embora? Por que depois ele sempre precisa ir embora? Por que eu me encanto? Ele nem diz que vai ligar no dia seguinte e tampouco que precisa me apresentar para seus pais. Ele parece tanto com os demais. Por que eu quero tanto ficar com ele se ele nem sabe quem é Gabriel García Márquez? Se ele odeia as comidas que eu mais gosto e se ele ouve as piores músicas possíveis?
O amor não escolhe fundo musical. Deve ser isso.
E o amor tem um paladar estranho, estilo pipoca queimada, ou sei lá, um café docinho e frio. O amor tem um cheiro estranho, estilo pólvora. Aquele cheirinho leve de pólvora logo depois que a arma cospe, logo depois do tiro, delicioso cheirinho de pólvora.
Bem, aí eu me pergunto, o que será que ele faz quando não tem ninguém olhando? Eu quero dizer, ele é tão desinibido, e nunca se preocupa com os olhares famintos e curiosos que lhe despem que quando não tem ninguém olhando ele... Como ele deve ser?
Será que ele também fala sozinho? Eu suponho que todas as pessoas falem sozinhas, não, isso não vem ao caso, mas eu queria ressaltar que você, meu caro leitor, não é o único.
Pois bem, começou a chover, o cheiro de terra molhada já invadiu minha casa e ele foi dormir, será que ele vai conseguir dormir? Tem energia para dar, vender e emprestar e sono que é bom, ele não tem. Isso sim eu queria transmitir para ele por Osmose, eu tenho sono sim, para dar, vender e emprestar. Aí ele não tem nada para fazer e vai ter idéias malucas, dando um de Albert Einstein, aí fica lá falando as teorias.
Aí eu fico tentando entrar na mente vazia que preenche quase todo o corpo dele, estranho não é?
Mas não tem outra definição, estava mesmo tentando entrar em um lugar grande e escuro, mas cheio de alguma coisa que eu não sei o nome, talvez nada.
Ele às vezes parece que não tem nada na cabeça, dá um surto psicótico muito louco e ele se transforma, ele tem aquele transtorno bipolar que não chega a ser doença, mas para quem o observa por segundo, movimento por movimento, percebe claramente, sem nem discutir. Sabe? Ele está rindo e fazendo rir e em poucos instantes ele lhe pede com gentileza para que você saia do seu caminho e se não sai, ele é o mais arisco possível. Arisco, boa palavra para defini-lo quando ele tem um surto interno contra os próprios sentimentos e não sabe como colocar para fora.
Pois é, mal sabe ele que eu entendi o que ele quis dizer quando eu recitava um poema e ele respondeu que não gostava de ilusões. Se o interessa saber, eu também não gosto de ilusões, mas poemas me são sempre bem vindos, que me perdoe por não rir nas horas vagas, mas eu sou assim mesmo.
Assim do jeito mais improvável possível, tentando adivinhar com quem ele gostaria de estar agora e quando eu condigo descobrir realmente não me faz nenhuma diferença. Aí eu penso em Ene coisas. O que será que ele quer comer hoje no jantar? Será que ele tem alergia a nozes?
Ele disse que tem alergia a poeira, mas todo mundo tem. E camarão é de praxe, crustáceos fodem com os humanos, mas bem, é bom.
Aí ele vem com as teorias, sabe? Aqueeeelas que eu falei. “Enquanto come o camarão, beba bastante líquido, vai pausar a alergia.” Será? Aí ele começa a explicar, começa a discordar e a explicar novamente e a falar e falar e não cansa e fala e fala mais e aaaaaaaaaaaaaah, eu não paro de gostar desse menino infeliz.
Será que se eu não gostasse dele, ele ia gostar de mim?
Com quem ele gostaria de dormir esta noite? Por que ele não me liga de madrugada para dar boa noite? Por que ele nem tem ciúmes? Eu não sou difícil de lidar, em dois tempos me entendem. Sei não, sei não, essa coisa de relatar fatos em linhas tão curtas só está me fervendo o juízo e bem, já está no meu horário de almoço, passar bem.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Fazenda da minha avó.

A minha avó criava um pintinho, a minha avó criava um pintinho e o pintinho piu piu piu.
A minha avó criava uma galinha (x2) e a galinha cocoró e o pintinho piu piu piu.
A minha avó criava um galo (x2) e o galo cocoricó e a galinha cocoró e o pintinho piu piu piu.
A minha avó criava um peru (x2) e o peru gulu gulu e o galo cocoricó e a galinha cocoró e o pintinho piu piu piu.
A minha avó criava um cachorro (x2) e o cachorro au e o peru gulu gulu e o galo cocoricó e a galinha cocoró e o pintinho piu piu piu.
A minha avó criava um gato (x2) e o gato miau e o cachorro au e o peru gulu gulu e o galo cocoricó e a galinha cocoró e o pintinho piu piu piu.
A minha avó criava uma vaca (x2) e a vaca mu e o gato miau e o cachorro au e o peru gulu gulu e o galo cocoricó e a galinha cocoró e o pintinho piu piu.
A minha avó criava um pato (x2) e o pato quac e a vaca um e o gato miau e o cachorro au e o peru gulu gulu e o galo cocoricó e a galinha cocoró e o pintinho piu piu.
A minha avó criava um porco (x2) e o porco oin e o pato quac e o cachorro au e o peru gulu gulu e o galo cocoricó e a galinha cocoró e o pintinho piu piu.

...

- Wagner Costa Bulhões.

sábado, 18 de abril de 2009

SE fosse assim.

Se ele me amasse mais que qualquer coisa nesse mundo, eu juro que faria dele o rapaz mais feliz. Deixá-lo-ia livre para ir onde quisesse e esqueceria a porta aberta, para quando ele voltasse.
Esqueceria café na cafeteira, para caso sentisse sede e dormiria de um lado só da cama, para quando sentisse sono. Eu só queria que ele não esquecesse que a única no mundo que ele amava era eu. Sabendo disso, respeitando isso, fosse onde quisesse ir.
Amá-lo-ia diante de seu sorriso, diante de qualquer outro fator relevante ou não. Eu o amaria demais para deixá-lo partir, partir para sempre. E eu sei tão bem que o prendendo o faria ir. Quem dera, meu Deus, quem dera fosse eu. Quem dera fosse eu a moça que lhe bebe as mágoas e lhe toca o coração, quem dera fosse eu quem ele mais queria ter para sempre. Se ele me amasse mais que qualquer coisa nesse mundo, eu juro que faria dele o homem mais feliz que poderia haver. Juro que sob nenhuma condição eu o deixaria sozinho, sob nenhuma hipótese eu o faria sofrer demais. Como eu conseguiria? Como eu seria capaz? Eu não seria, nunca seria. Eu queria que ele me deixasse amá-lo mais do que qualquer coisa nesse mundo, mas ele tem medo de me permitir, tem medo de não conseguir também. E tudo o que ele faça ou diga, só faz com eu o queira mais, sempre mais.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Ele ainda acredita em uma garota que não fuma, que usa o histerismo para conseguir o que quer e que ama por não ter mais opção alguma. Acredita em uma garota que liga para fazer cobranças de onde ele está e que ele pertence à ela, ele nem deve saber o que é amor intenso, e se sabe?

segunda-feira, 6 de abril de 2009

......Devo explicar o quanto és tentadora para mim?

Os mortos mais vivos.


Nem eu sei o que faria caso alguém chegasse para ele e de repente contasse tudo o que eu passei cerca de dois meses para manter debaixo da terra, sem que ninguém desconfiasse. Poderiam me prender por ter um cemitério clandestino sob meus pés, mas nunca por amar alguém que não corresponde às minhas expectativas. E depois de sessenta e poucos dias a minha língua maldita acha de falar demais e a minha consciência não me apoiou em nenhum instante, tive que desenterrar meus cadáveres.
Queria eu poder controlar esse vai e vem de emoções e dizer que quando estiver afim de ir, que vá em alguém que possa segurar com cautela e não em alguém que nem vai querer segurar. É foda mesmo.
Mentira, eu não queria não. Ele é o que melhor poderia me acontecer - mesmo não acontecendo.
E os cadáveres resolveram então fazer gracinha e agora não me deixam mais dormir, ficam me assombrando no quarto, fazendo sombrinhas na luz da lua e remexendo os galhos das árvores só para atrapalhar meu sono, antes fosse só isso. Minha cabeça está cheia do fulaninho que parece que vai esborrar por todos os lados, sabe como é? Sabe quando você não consegue pensar em mais nada e nem em mais ninguém? Então, malassombro dos infernos que me dói no coração, se bem que doeria bem mais se ele fosse embora, embora nem tenha chegado.
Então eu sento naquele banco de cimento à beira mar, entre amigos, as conversas vão fluindo e eu lá olhando para ele, vidrada. Mentira, não era vidrada, mas eu sabia disfarçar bem, ou um pouco, enfim. Eu sei que ele era tudo o que mais brilhava e era só o que eu via, era inevitável, era um sem querer muito querido, só ele não percebeu. Menos mal, vai que ele virava para mim e perguntava se eu ia tirá-lo para dançar. E era uma sina, eu juro, era sina! Eu levantava, andava, andava, dava uma volta, parava no meio da multidão e quando pedia desculpas para a cara ao lado que eu tinha esbarrado sem querer, era ele. Eu ficava meio sem graça, andava novamente, encontrava uns conhecidos que ele conhecia também e ele sempre parava no mesmo ponto. Então um tempinho depois, já distanciados, eu já estava indo embora, despedi-me de uns amigos e pedi para mandar-lhe um beijo, e lá do outro lado, quase atravessando a avenida ele estava vindo, na mesma direção. “Estou indo, a gente se vê no curso, ah! As ondas não estavam muito boas e ainda por cima, os gringos ganharam o campeonato.” Eu realmente não tinha nada para falar, era só para olhar para ele um pouco mais. Eu nem sei nada sobre surf, eu odeio o sol, embora a informação fosse verdade, mas e daí? Eu queria mesmo era abraçá-lo ali mesmo e nunca mais na minha vida largar, nunca mais. Ele tem um cheiro atrativo, fala rápido demais e eu fico viciada em ouvi-lo contar alguma coisa, ele tem uma voz linda, o sorriso é tão bonito quanto e acredite, até olhá-lo ficar sentado sem fazer nada, sem falar nada, sem olhar para nada, me fascina.
Uns dizem que é coisa de gente boba apaixonada, eu acho que é só coisa de gente boba, deveria mesmo era ter levantado daquela porcaria daquele banco dizendo que ia comprar cigarro e nem querer mais esbarrar com ele. E o vício que ficou em mim? Não pelo cigarro, antes fosse. Quem disse que é fácil assim de controlar? Ah, inferno!
Eu sei que eu segui, com meus anjos ao meu lado dizendo que meus olhos brilhavam demais quando falava nele ou estava perto dele, e tudo o que eu pensava era se eu não tinha nada melhor para falar do que aquele caralho daquele comentário visivelmente dispensável.
Nessas horas que eu queria entrar em um bar, beber horrores, jogar bilhar e ir embora para casa, sem dizer uma palavra com nenhuma pessoa, mas fiz coisa melhor, fui tomar sorvete e pensar um pouco nele.
Às vezes eu me pego sentada na ponta do sofá, tomando um café quentinho, olhando pela janela gradeada. É uma imensidão de céu e que nunca acaba diante dos meus olhos, e eu fico lá insistindo em encontrar um ponto final para saber se está muito longe de ele me amar um pouquinho só, só um pouquinho de tamanho de bem pouquinha coisa... Pois está, procurar fundamento em um horizonte é perda de tempo, procurar um fim no infinito é muito bonito, muito poético, mas eu tenho mais o que fazer.
E tenho mais o que pensar a respeito de muita coisa de verdade e que me rodeia aqui e agora e não em uma ilusão, tenho mais é que rir sozinha do que sentar e esperar com a cabeça nas mãos uma gargalhada linda que ele dá e com certeza não é por eu estar ali, tenho mais é que me desprender dessa miséria dessa corda que está tentando me enlaçar e não quer mais me deixar fazer nada sem pensar em algo diferente dele. Eu tenho mais é que dormir, dormir com uma esperança linda de acordar. Tenho mais é que sair por aí pelo mundo, me apaixonar por alguém que eu não vá ver nunca mais, me apaixonar por alguém que se apaixone por mim, me apaixonar por alguém que se importe quando eu estiver ali e não me apaixonar por alguém que é apaixonado por outro alguém, por alguém que está cagando e andando para a minha paixão.
E o pior, a sensação é a mesma de quando descobri que ele ama um outro alguém, o órgão muscular vermelho e oco está se rasgando e sangrando demais outra vez.

Não, de novo não, é esse o filme que eu não quero mais ver. E quem se importa?

domingo, 5 de abril de 2009

" Dizem que um dos dois sempre ama mais... Oh meu Deus, quem dera não fosse eu!"


quinta-feira, 2 de abril de 2009

"Na verdade, minha filha, você já está apaixonada por essa moça."


......................... E mudaram o canal da televisão.