segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

  Quando se é jovem e sozinha qualquer estrela cadente encanta. Um dia aquele bicho chegou por lá, tão magro, tão viciado em pó, tão mal encarado. - Duvido você fazê-lo sorrir! - Apostavam os demais.
  Era adorável demais, meu deus. Chegava dizendo boa noite, se drogava um pouco mais, mal percebia minha presença, ia embora. Sempre assim.
  A namorada dele parecia com ele. Dizia um Boa Noite mais forte que o dele, nem reparei se ela fumava do mesmo baseado ou se chegava só para levá-lo embora. Ele sempre ia. Davam as mãos, era tão tradicional, tão natural. Era preciso desviar o olhar. Ele era tão bonito, tão gentil, tão grosseiro e sério e carrancudo e sombrio e com uma carcaça bonita e grossa e impenetrável que ninguém conseguia se aproximar demais do Eu lírico dele.
  Ganhou uns quilos, largou o pó, e aquele sorriso? Seria capaz de iluminar o blackout da madrugada, de iluminar todas as casas e ruas e bairros e cidades e países e planetas!
  A vontade que se tem é de ser um belo quadro e imenso pendurado na parede do quarto dele só para que ele possa olhar e admirar de alguma forma, uma maneira qualquer. Com aqueles olhos tão claros e intimidadores ou pode-se ser também qualquer outra coisa que se possa ouvir aquela voz tão sombria com o dialeto tão escroto.
  Ele nunca se importou, nem lembrava onde eu morava, nem o time que torcia, nem meu nome, meu telefone, apartamento, a idade, o curso, a banda preferida, se usava aparelho, se tinha piercing, que tatuagem é essa? Fiz há 5 anos, você já viu. Nem lembrava.
  De repente estamos no mesmo barco, na mesma situação, diante da mesma decisão, da mesma confusão, da mesma dúvida. Do será que valeu a pena? Por que não fiz isso antes? Será que perdi tempo?
A diferença é que ele acha mesmo que as mulheres são bestas, e eu lembro de Confúcio. Ele é lindo, lindo.
  Você quer esse bicho para você? Ele é lindo, tem um sorriso incrível, o penteado dele combina com o desenho do rosto. Torce pelo time errado, fala tosco, trabalha, estuda, tem um abraço confortante, passa segurança, apesar de ser um pouco frouxo. Ele é lindo, lindo, em mil aspectos. Tem um andar que encanta e um olhar que apaixona, mas ele nunca me viu, ele nunca me vê. Quer conhecer?
  

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