quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Ensinando a ser gente.

Ninguém entendeu porque Lisa inventou de lhe dar a mão, ela estava passando rápido e ele aparentava estar muito bem. Ele foi o escolhido de repente, de qualquer maneira Lisa não havia se importado com nenhum do time dele. Ela parou, sentou e o assistiu ser ele mesmo. Não conseguiu, ele não conseguia ser ele mesmo nem por um instante. Era uma marionete no meio daquela massa nojenta e apodrecida que o rodeada e dizia que ser idiota era genial, falar da vida alheia era divertido e julgar as pessoas pelo que elas têm e não pelo que elas são é o princípio da vida, é correto. Ah, por favor. Tão grande e com uma mente tão pequena. Lisa se aproximou, Tristan com o cigarro na mão lhe flechou com o olhar, colocou o rolinho de câncer na boca, mas ele mal sabia tragar. Ela fingiu que nem viu e passou adiante e parou novamente, sentou no próximo banco. Ele estava a viciando, como aquele L.A. de Cereja que ele insistia em conduzir estava tomando conta do cérebro dele.
Ela puxou da cigarreira um Marlboro vermelho e começou a fumar e assistir aquela cena. E finalmente a máscara começou a cair, ele nem a via direito, ela fingia que ele não ocupava todo o espaço, ele fingia que não se importava com a moça sentava que estava o intimidando com o olhar.
Tirou onda com uns amigos, ouviu umas músicas ruins até que os ouvidos de Lisa começaram a implorar, ela foi embora.
E no dia seguinte a mesma coisa, a mesma cena, o mesmo repertório que não a cansava nunca. Trocaram uma palavra, trocaram duas, trocaram forças e mãos, e enquanto estava com as mãos enlaçadas, o mundo parecia ter cheiro de rosas.
Ela também não entendeu, Vênus e Marte estavam sim de mãos dadas e não pareciam querer largar. Revolução no sistema solar.
Ao lado dela, ele era quem ele realmente era, e da porta para fora era o personagem que havia criado para impressionar. Sem muito sucesso, só atraiu olhares ruins. Ela até tentou dizer que aquilo não estava completamente certo, e tentou mostrar-lhe o mundo de outro jeito. O mundo real que ele fechava os olhos para não ver. Não deu certo. Tristan cabeça dura, sentimental feito uma porta, largou a mão dela e foi seguir sua vidinha medíocre. Enquanto Lisa de mãos abanando conseguiu segurar uma borboleta em uma das mãos e soltá-la no jardim mais próximo, sob o sol, no vento, sob os olhos dos cometas. Vejam, que bonito. Ele ainda deve pensar nela, mas perde muito tempo tentando não pensar. Ela pensa muito nele, mas não lhe dói como deveria doer, está a ponto de sarar. A portinha também tem coração, mas já está apodrecido. Sem cuidados, sem carinho, sem atenção. Tristan para todos é só mais um na multidão.
Parece simples, sem nexo, sem sentido algum. Parece bobo, sem gosto, sem moral alguma.
Mas enquanto Lisa continuou a vida como se nada houvesse acontecido, Tristan pensa duas vezes em qual cd deve colocar para tocar. Entendeu?

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