terça-feira, 13 de maio de 2008

Ouça a minha vez de falar.

Quanto ao seu erro, serei eternamente grato. Diante das especulações sem sal e nem açúcar e das repreensões também sem gosto e sem cheiro, me fez perceber que nada além de mim para ser mais valioso que o mundo, meu caro e amado ser nem um pouco sublime.
Sei que demorei um tanto para acordar para o mundo, o mundo real. Demorei mais do que deveria demorar, mas acordei há tempo.
Tempo, talvez, para lhe alfinetar um pouco até que esvazie todo o balão de orgulho e superioridade que pesa sobre sua cabeça e não lhe deixa subir por ser pesado demais.
Portanto, minha pobre moça rica, que mesmo sem insistir invadiu meus sonhos e poemas que fazem o estilo “romance antigo”, não me venha com seu vestido decotado que tanto me chamava a atenção nem tampouco com o perfume que deixa rastro por onde passa, aquele que me fez seguir a sua direção tempos atrás. Sua sedução passou a ser fraca quando você se fez menor do que realmente é, sua sedução fajuta que não vale uma dose do meu wísque falsificado.
E o mundo continua a dar voltas, meu amor. Veja só se não sou eu, aquele que você tanto dizia que não era digno nem de atar os cordões de seus sapatinhos, quem está a lhe atirar neste mar de amargura e solidão, sem nem lhe erguer a mão para uma nova esperança. Aceite que desta vez, ao menos desta vez, você perdeu.
No entanto, seu sorriso não mais jacundo não irá fazer com que eu me renda, não desta vez
Fui fraco em outras noites, em outros tempos onde teimei em acreditar que sua pele macia quando em contato com minhas mãos tão frias fariam um casamento eterno, perfeito, não fez. E com certeza, não é agora que irão casar.
Contudo, abra alas para a minha opção um tanto quanto espontânea, pois não é lhe deixar o que quero de fato, mas também se quiser permanecer toda vestida em máscaras como está fazendo agora, não vai me incomodar, só vai me roubar tempo. Estou seguro que o que quero é não mais lhe querer, nem por um instante, nem por um segundo sequer, e veja como estou conseguindo.
À propósito, não há como haver nada mais belo nesta noite gélida e de lua cheia que o som que faz quando vejo suas máscaras indo de encontro com chão, se juntasse essas notas e as notas que saem das cordas de meu violino, eu poderia compor a mais bela sonata do último século, e juntaria com o soneto que fiz sobre o sono eterno e poderia ser lembrado nas serenatas para os enamorados, mas não.
Prefiro deixar-lhe recolher os cacos de nada que lhe foram derrubados, recolha seus pedaços de você também, pois o chão está muito frio, e além do mais acaba ocupando muito espaço.
Todavia, estou farto de seu olhar sonso e da sua voz que ecoa meu subconsciente quando o que eu mais quero é ouvir e prestar atenção no silêncio, você é minha ruína, minha cara ladra de corações.
Vamos, mova-se e tire seu corpo escultural da minha frente, deixe-o bem longe onde meus olhos não possam alcançar, sua imagem me cansa.
E, por favor, não me venha com súplicas sem escrúpulos que você é sempre tão acostumada a fazer, cansei também de encenar nessa sua peça teatral e de humor, não sou nenhum palhaço.


Nenhum comentário: