terça-feira, 16 de dezembro de 2008

E nunca vai chegar a ser tarde demais.


E depois de ter chorado tudo o que tinha para chorar, recolheu-se e foi dormir.

Com a mesma dor que sentia antes da xícara de chá, a alma ainda tensa, nem um pouco aliviada. Mas tentou encontrar abrigo no travesseiro macio. Não que tenha funcionado, sentiu mais ainda uma dúvida lastimosa lhe embrulhar o estômago.

Pensava em todas as oportunidades que infelizmente não agarrou com ardor, deixou o instinto animal de lado e a ferocidade reduziu a zero, então segurou tão levemente o que a vida lhe deu não de bandeja, mas de presente, que acabou por escapar. Como os sentimentos mais bonitos que segurou com mais firmeza, mas ainda com desdém e acabou por deslizar, por entre os dedos. Caiu, quebrou, acabou.

Então depois de ter visto com os próprios olhos e com o coração e ter acreditado que a vida não é tão fácil como alguns dizem ser (só dizem, também não acreditam nesta teoria criada por sabe-se lá quem), depois de ter visto que para ser o que realmente quer ser, precisa de batalha, muita batalha. De repente deu uma rebordosa fodida nas idéias da menina, fodida mesmo, e a doida correu no bar, embebedou-se. Achava mesmo que tudo estava perdido, e lá pela 8ª dose de Tequila (que até disseram que era a melhor do México, mas era fake, era cachaça pura), correu no banheiro. Como já se sabe, vomitou não só essa tal de tequila barata, mas como também o nó que não desatava na garganta, as revoltas e principalmente o medo. O peso do lado de dentro não foi possível, mas valeu por tentar. Também tentou pôr para fora o coração para tentar aliviar a tal da nostalgia, mas enganchou-se na goela, voltou para o seu devido lugar.

Já entendeu que a vida muitas vezes é injusta mesmo, que uma hora ou outra ela vai te colocar para trás por ter alguma Barbie ou algum Ken sorrindo e exibindo o Rolex e é isso o que muitos ainda valorizam, mas ela não. Ela não quer nem saber, não mais. Vomitou a baixo estima também.

Já entende que os obstáculos precisam ser superados e ela não tem mais medo disso também, ela ainda quer dar orgulho para alguém e dessa vez é para ela mesma e conseqüentemente para quem mais quiser ter.

Também pudera, chorou por dois dias e algumas horas seguidas, depois vomitou por uma noite e uma manhã inteiras, já era quase a hora do almoço quando começou a desidratar.

Aprendeu, eu sei que aprendeu. E tomou uma dúzia de copos com água para repor também as lágrimas que chorou.

Não quer ter uma vida decadente, não quer não. Não quer que noites de álcool, vômito e angústia invadam seus meses, semanas e dias, every single day... Não dá, não quer, não vai.

Ela já sabe por onde começar, sabe em quem pensar quando vê que precisa conseguir e ela vai, porque ela acredita.

Nem tudo é tão pequeno, o mundo umas vezes também não é tão grande, até cabe na palma da mão se tiver força no punho.

A questão é que é preciso arriscar, é preciso mergulhar com vontade, é preciso se jogar e não ter medo do impacto da queda, porque é só isso o que dói. Se reerguer é interessante, é o seu esforço valendo a pena.

Não quer mais as coisas pela metade, quer cada projeto por completo e se for necessário fazer algo que não queira, que não goste, vai fazer até aprender a gostar e ainda vai fazer bem feito, porque não se pode medir esforços.

Esqueceu essa história de romance, já entende que isso não dá ibope profissional e é disso que toda garota precisa, e só é possível com esforço limpo.

Só nunca esqueceu os amigos, e nunca vai esquecer. Nem os que estão longe, nem os que estão perto e mesmo assim longe e vice-versa, e ela nunca vai esquecer aqueles que ficaram ao seu lado sem se queixar. Que tentaram nela, apostaram nela, acreditaram nela e ela garantiu não decepcionar, e não vai. Ela faz o que pode, sempre foi assim, mas dessa vez tem mais vontade na história, tem mais valor.

Portanto, se por acaso alguém estiver muito afim mesmo de ser atropelado por uma louca que escreve nas horas vagas, tem um Cadilac tatuado, quase nunca chora [mas da última vez não quer nem lembrar (e agora você já sabe porque)], não é uma Barbie e nem está a procura de um Ken, tenta impedi-la de passar, pára na frente dela e tenta atrasar seus planos. De verdade, a menininha cresceu.

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