terça-feira, 30 de abril de 2013

  A gente espera na fila do banco, espera o filme começar no cinema. A gente espera a pizza no forno, o vinho gelar, o ônibus chegar. 
  A gente pode esperar a chuva passar, o táxi chegar, a festa começar, terminar, tocar nossa música predileta. Espera, espera, espera o garçom. A conta. O conto. A nota no sistema. A data do aniversário. A noite de Natal.
  A gente espera quando sabe quem vem, mas a gente tem que deixar ir quando sabe que vai. E aprender, aprender nessa porra dessa vida que a gente espera o troco, a conta da energia, o remédio fazer efeito, a encomenda chegar, o café esfriar, as unhas crescerem, o perfume acabar, a roupa secar, o freezer descongelar, a mudinha virar árvore, o salário no fim do mês, dar meia noite, a dor passar, o chiclete perder o sabor, o elevador, a atendente da telemarketing, o feijão no fogo, a descarga acabar, sorte, sol no domingo, que a pimenta não arda tanto assim, que o bolo não fique solado, um estranho sair do banheiro, que a bola de sinuca entre na caçapa, que o creme dental novo funcione, que o jogo acabe, que a embriaguez vá embora, a nova dose, o vinho virar vinagre, um e-mail, uma certeza, o pão quentinho, os carros passarem para atravessar a rua. A gente só não deve esperar nada das pessoas. Nada. Nunca.

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