terça-feira, 12 de outubro de 2010

Nada inacabado, só queria te contar

Depois de tantos anos eu me peguei lembrando de quando eu olhava para você e você olhava para mim e me sorria sem dizer nada. O seu silêncio me fazia pensar em como porra alguém igual a você queria segurar minha mão e sair desfilando por aí. Como porra alguém como você podia chegar bem perto só para sentir meu perfume e dizer que sentia saudades minhas. Eu estraguei tudo. Lembra que eu sempre dizia que eu era muito boa em estragar tudo? Viu na prática como foi fácil?
Eu sei, naquela noite eu estava trilouca e completamente vulnerável a qualquer atitude que qualquer pessoa me propusesse, mas porra, eu lembro de quando eu segurei sua mão e disse que te amava e você olhou para mim, ficou parado uns 5 segundos e falou "pena que você está bêbada. Vamos, eu te levo para casa".
Eu realmente estava bêbada, qualquer coisa que eu dissesse ali eu corria o risco de nem lembrar no dia seguinte, eu menti quando disse que te amava, mas porra, eu nunca havia sentido algo tão legal por alguém, NUNCA. Então eu não sabia que nome dar aquilo que não fosse Amor.
Talvez se você tivesse retribuído com um 'eu também te amo' hoje em dia eu nem lembrasse do seu nome, mas foi o seu olhar que me fez nunca esquecer você. Seja lá em qual seja esse sentido, não estou falando necessariamente como homem, estou falando como pessoa, como alguém, como humano, como você.
Man, quatro anos depois e estamos cada um no seu lado e eu nunca sei como reagir diante de você, nunca aprendi a relaxar e deixar de ser tímida quando estamos bem perto.
Lembra que eu costumava escrever para você e dizer que queria um abraço ou mandar uma música dizendo que acabara de ouvir e que era bonita e na verdade era tudo o que eu queria te dizer e não tinha palavras?
Eu não sei se era honesto, sincero, mas você me passava um carinho tão grande, um respeito tão grande, uma atenção tão grande e eu era tão acostumada a jogar tudo fora afinal eu era tão jovenzinha e queria tanto não me prender a nada e nem a ninguém, NADA e nem NINGUÉM que acabei me prendendo a uma história tão pequena, tão pequena que não ocupava nem a metade de uma página de um caderninho de anotações. A história era somente Eu e você, num passado, num presente que não há e num futuro que nunca virá. Eu e você que fomos NÓS e hoje somos apenas você e eu.
Acabou a história.
Dá vontade de arrancar a folha, colocar numa moldura e pendurar na minha sala de estar. Porra, era uma maneira lógica de não me apegar a alguém que realmente não estava muito interessado em investir em alguém que não valia lá muita coisa, em alguém que era mais do mundo do que o vento. Cabum!
Mordi a língua que eu estou ligada, mas às vezes eu não sei muito bem quem sou ou o que estou fazendo aqui ou o que caralho foi que eu fiz da minha fuckin vida, man! O que caralho eu fiz desta merda?
Eu te deixei ir embora, parceiro, te deixei ir embora e quando eu percebi que deveria ter te amarrado no meu peito você já tinha sumido do meu horizonte. Eu sabia onde te encontrar, a que horas te encontrar, como te encontrar, mas a garotinha aqui achava que a vida se vive olhando para frente e que passado que deu em merda fica lá para trás mesmo. Se bem que no fundo eu queria te procurar, mas tinha medo de ser a mesma garota fria e calculista e te deixar ir embora outra vez e isso acabar virando um ciclo vicioso e eu acabar nunca esquecendo você. Eu esqueci. Ou acho que esqueci ou esqueci de alguma maneira que é relevante agora e das demais maneiras pode deixar para lá. "Você é meu, man!" Eu vou te guardar para sempre bem dentro do meu peito, preso por uma corda com um nó que você não vai nunca desatar. Agora eu vou sim te prender, como deveria ter feito alguns anos atrás. VocÊ dessa vez é meu, man, mas como um astro. Não falo de relacionamentos de 'homem - mulher', falo de 'humano-humano'. Sacou? Eu quero dizer eu e você, você e eu, não mais Nós.
Ah, qual é? Eu te esqueci, cara! Estou tentando ser feliz como você me desejou ser, e espero que vocÊ seja como eu sempre quis ser, como sempre quis que fosse. Eu fugi de você, cara. Fugi de você e ao mesmo tempo fugi de mim.
E preferi pensar que era só uma curtição sua, preferi imaginar que você não estava se importando nem um pouco com o fato de eu ser um pedacinho embriagado do seu passado e seguir adiante como se nunca houvesse escrito uma história sobre nós dois.
Não está inacabado, eu só queria te dizer, não está inacabado. Tudo o que havia entre a gente ficou bem ali naquele passado negro, naquela maresia, naquela Av. João Davino, 936.
Eu só vim porque lembrei que eu gostava mesmo de você, porra eu gostava mesmo de você. Gostava tanto, mas gostava a tal ponto de sair fora por ter medo de acordar de manhã pensando em você. eu morria de medo de amar você, m o r r i a de medo.
Lembrei que às vezes eu achava que você gostava de mim um pouquinho e eu te tratava como se nem nos conhecessemos.

Eu gostava mesmo de você, nunca esqueci suas gentilezas. Como o dia que chuveu e você tirou a camisa para que eu me protegesse do frio. Hahaha, alguém do mundo faria aquilo por mim? Responde, alguém faria? Não. Ninguém faria. E quem fez eu deixei ao léu, eu deixei. Às vezes eu fico estimando o quanto valho. Hahaha, eu valho muito, cara, pior é isso, eu valho muito! Mas eu estou ligada que eu poderia valer muito mais.
UM DIA, man, a gente se esbarra por aí e coloca os pontos nos is, desculpa não ter sido muito boa para você, eu só queria ser o suficiente para mim.
PAz, irmão.

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