segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Ina


Hoje eu olhei para o lado e ela estava lá sorrindo aos quatro ventos, piscando os mesmos olhos tristes. Ela piscava os mesmos olhos tristes que eu conheci no dia 2 de março de 2009, naquela sala fechada com um ar-condicionado filho de uma puta que arrepiava até os cabelos do ... ouvido. Eu queria poder fazer alguma coisa por ela, abrir a porta da minha casa vazia e dizer “Venha, traga a sua filha e morem aqui, vou lá embaixo buscar um emprego para você e te trago rapidinho.”

O casamento dela é um inferno e ela deve chorar todos os dias se perguntando por qual janela fugiu o homem que ela havia conhecido. Conhecendo-a como tive a oportunidade de conhecer, eu sei o quanto ela está sofrendo, eu sei o quando ela está cansada de calçar a sapatilha só para pisar no orgulho, pois sem ela a sola do pé se queima. Algumas mulheres do mundo deveriam conhecê-la, mesmo que no dia seguinte não se falassem e por todo o resto da vida não trocassem mais uma só palavra, iam entender que as pessoas têm que escolher direitinho a pessoa com quem vão casar, tem que amar direitinho quem vale algo e se amar quem não vale, que não se perca nesse amor, pois se por acaso se perder, nunca mais vai se encontrar.


Casamentos com tanto dinheiro e nem um pingo de carinho, tomem no cu malditos hipócritas, tomem no cu. Odeio pessoas mesquinhas, vazias, ríspidas. Desculpa Ina, mas ríspida além de soar bonito, soa de um jeito que não sai mais da cabeça, um jeito amargo - como ele. É o pai da sua filha, o homem da sua casa, o cara que paga a sua faculdade e as prestações do seu carro e faz questão de lembrar todos os dias, tudo porque você simplesmente não pode pagar sozinha, você não tem como pagar sozinha. É esse o homem que para mim continua sem valer nada, continua sendo um garoto mimado movido a dinheiro, movido a cobiça, a interesses sem gosto, movido a coisas supérfluas. Desculpa Ina, eu gostaria de te dar uma boa notícia, mas você sabe, no mundo em que eu vivo a boa notícia é que ainda estou viva.


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