sábado, 6 de fevereiro de 2010


Era dia 10 de janeiro de 2010, 06:30 da manhã – eu disse 06:30! Acordei às 05:00 – agora eu disse 05:00 – para partir para Buenos Aires para fazer uma prova do concurso da CEAL (Companhia Energética de Alagoas). Buenos Aires em Alagoas? Gato, me mandaram para um bairro chamado Clima Bom.
Miss Mag e Pessoa foram levar Chico e eu, cada um em seu respectivo colégio de resolução da prova, mas é claro que o dia tinha que continuar dando errado. Como se não bastasse acordar às 05:00 para fazer uma prova filha da puta na casa do caralho, o Chico tinha que esquecer de ser responsável, o rapazinho esqueceu a caneta. Como alguém vai fazer uma prova de concurso e esquece de levar a caneta? É claro que isso não me foi nada romântico e nem bonito e a vontade que me ferveu os nervos foi de jogá-lo escada abaixo, mas não tinha escada, tinha lama. Ignorei a falta de caneta e lhe desejei boa sorte, afinal que se há de fazer? Seguimos a procura do colégio que não me esperava, mas que eu precisava ir, chamado simplesmente de Colégio Estadual Professora Maria da Salete Gusmão de Araújo.
O acesso até esse tal colégio era difícil, repleto de lama, buracos, urubus e pessoas agachadas entre lama, buracos e urubus. Acendendo uma pequena fogueira no meio do lixo e do barro molhado para fazer o café da manhã que provavelmente chegaria no bico de uma das aves negras.
Contudo, nada sentida, apenas com sono e pouco disposta chegamos finalmente ao colégio da Senhora Gusmão. Entrei às 6:30 para uma prova marcada às 8:00. Sim, uma hora e meia de antecedência, sabe por que? Porque simplesmente não indicaram se a prova iria acontecer no horário local ou no horário de Brasília, esta que estava em horário de verão. Haha, que maravilha.
Miss Mag e Pessoa tinham pressa pois as 08:00 seria o sepultamento da mãe do Pessoa. Deve ser difícil enterrar a própria mãe e por essa experiência eu não quero passar nunca, nunca. Bem, entrei na sala e uma moça me chegou estendendo a mão.
- Você é a Juciana?
- Sim, sou eu.
- Prazer, sou outra Juciana.
Hahaha! Quem diria que outra mãe teria tamanho mau gosto. – Portanto se alguém ver alguma Juciana aprovada naquele concurso, não se iludam, não fui eu. Enfim, faltavam 55 minutos para o início da maldita prova, não tinha nada para fazer e resolvi escrever na traseira do papel de comprovante de inscrição que exigiram e nem sequer pediram. As cadeiras faziam barulho demais e as pessoas pareciam que gostavam, não paravam de arrastar as malditas cadeiras barulhentas. Nas paredes e na moldura do quadro tinha rabiscos como “Mancha Azul “ “Comando Vermelho”. Das oito lâmpadas, quatro funcionavam.
“Mané!” “Ass.: Minhoca” “Gay” “Claudeane ama Jesus” “Início às 08:00 Término às 12:00”.
A sala tinha um péssimo estado e o quadro negro não era negro há bastante tempo. Este com cerca de 4 m de largura e apenas 2 eram próprios para uso, a outra metade estava toda destruída. Não tinha ventilador. Não é que não funcionassem ou que estivessem racionando energia, simplesmente não tinha ventilador na sala de aula. A sorte foi ter pego um dia nublado, o sol não invadia a sala pelas janelas que eram obrigadas a ficarem abertas porque senão todos morreriam sem ar. Maldito governo, maldita miséria.

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