sábado, 11 de dezembro de 2010

  Daí eu te procurei. Procurei entre as páginas do livro que lia, por debaixo do forro de cama, dentro do cobertor já dobrado no guarda-roupas, por trás do espelho do banheiro, dentro do controle da tevê e você não estava em canto algum. Nem nas escadas de emergência, nem embaixo da árvore de Natal e nem por trás do quadro vazado que tem forma de mulher na parede da minha sala de jantar.


  Não estava nas músicas que eu ouvia e que você gostava de fingir que amava, nem nos gols dos times de futebol que nenhum de nós dá a menor importância, nem no meu inglês chinfrim, nem no meu tênis novo e roxo parcelado em três vezes.

  Sabe, man, eu te procurei tanto, por tanto tempo, porque eu achava que não podia passar muito tempo sem ter você, e então eu percebi de alguma forma que ficar sem você não era a coisa mais fácil do mundo, mas também não era um bicho de 7 cabeças.

  Descobri que sem você eu leio mais, vejo mais filmes, faço mais amigos, saio mais, me divirto mais, penso mais na vida, converso mais, jogo mais, tomo mais decisões sozinha. Não nasci para ficar atrelada a ninguém, você sabe como é.

  Gosto do meu tempero, do meu café, do meu almoço, da minha música, da minha roupa, do filme que eu quiser assistir, das minhas decisões. Não me atrasar, não parar no caminho, não parar para pensar, apenas pensar e fazer, 2 segundos, 1 2.

  Ah, descobri também que me preocupo mais comigo, esqueço de forçar a acreditar que você também se preocupa. Viajo mais, conto mais piadas, danço mais, estudo mais, me viro melhor sozinha. Faço tudo melhor sozinha. Eu até danço melhor sozinha!

  Não sinto mais a necessidade de tirar minha felicidade para dar a alguém e assim me sentir feliz, a minha é só minha e a de alguém é de quem alguém quiser.

  E também não tenho que falar com ninguém medindo as palavras, medindo os gestos, medindo os abraços. Gosto de me sentir querida e gosto também de fazer com que se sintam queridos, eu sou assim, cara.

  Odiando o sol, mas amando o mar. Passando a noite inteira conversando bobagem para dormir de manhã, e acordar antes do almoço com o cheiro forte do feijão da Miss MAg, ou com o almoço do vizinho. Ou também gosto de dormir bem tarde, acordar bem cedinho no dia seguinte e multiplicar meu dia por três, as manhãs parecem cada vez mais longas. Ou acordar tarde ou seja lá o que for, fazer o que eu gosto e quero fazer.

  Eu queria sentir um pouco mais a sua falta, mas dá uma preguiça de sofrer de novo.

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