E cada dia que vai passando eu vou me afastando mais de mim pra ficar longe de você. Claro que eu já deveria ser uma mulher bem sucedida e que superasse o término de um namoro na qual ela teria apostado todas as fichas e sentimentos, mas não sou. Limito-me ao choro antes de dormir para não ter que dar explicações em casa. Quanto drama, sua vaquinha. A vida é tão linda lá fora e você sem forças pra sair. Eu sem forças nenhuma. Vamos comigo? Posso ser feliz se você me acompanhar. Não é necessário, é só... mais fácil. Mas quem disse que a pica da vida é fácil? Risosrisosrisos Quem foi que disse, meu patrão? As pessoas mentem e destroem pessoa o tempo inteiro e não dá para cair em todas as armadilhas e promessas. Deixa de ser burra... mulher. Mulher sem escrúpulos e sem controle nenhum, mas com um imenso coração filhodaputa cheio de amor te matando aos poucos.
Deixa de ser burra... mulher. Mulher sem estribeiras e sem força nenhuma dentro do peito, porque está cansada demais, demasiada demais, Maysa demais pra essa vida.

Acordei às 6 com o barulho imenso da chuva e as gotinhas molhando o meu rosto pela janela. Chuva e xixi, queria deitar e dormir pela eternidade.Essa sensação se repete dia após dia quando vejo a cama de baixo tão vazia.
Isso já deveria ter acabado. Não tem mais graça.
Ocorre que a vida é meio filhadaputa e de repente suas atitudes do passados são usadas contra você. Cada palavra, cada amor, cada carinho, confiança e pureza.
Malditas pessoas que acham que podem acocorar e cagar no coração de alguém.
Malditas filhasdaputa.

Aí ela olhou para mim com um caneca e uma agenda na mão, era um presente para amaciar a mordida que estava por vir.
- Mas Juci, Juci, você é muito danada. Juci, Juci, você é muito geniosa. Juci, Juci, deixe de ser assim. Foi por ser assim que você perdeu aquele que mais amou.

Ow, tia, foi assim que eu ganhei aquele que mais amei. São ossos do ofício, tia. Aprendi na vida que quando a vida DÁ, ela TIRA com as duas mãozinhas sacanas.

Não dá para levar uma vida dessa tão a sério. Rejeitei o cigarro com cheiro de conhaque e a dose de conhaque com gosto de morte. Valeu a pena? Rejeitei os jogos, a noite fria e minha, só minha, em troca de nada, de pica nenhuma. Valeu a pena? 
Eu rejeitei, meu amigo, a maquiagem bem feita, o vestido que caiu bem, a volta de táxi.
Aprendi que nunca deve trocar uma noite de álcool e curtição por uma viagem de carro, sem ninguém no banco do passageiro.

Difícil acostumar que uma vida inteira ficou para trás.

  Mas aí a gente tem que ir ver, tem que ir olhar com os próprios olhos acreditando piamente que é para superar, mas na verdade é para machucar um pouco mais e criar ódio. Não cria. Aí a gente tem que fumar um cigarro, tomar uma dose de pitu escondida no guarda-roupa e fingir que isso é superar, é seguir adiante, é deixar o passado no passado e fazer do presente um gift de Jah. Não é. Então a gente cria tática. A gente cria algumas táticas onde vai descobrindo que é que está com você de verdade, ao seu lado, segurando sua mão, mas aí as táticas são eficientes demais e a gente fica só. Mãos abanando, ombros largos e sem ninguém apoiando o abraço, lágrimas que escorrem e enxugam por si só.
  De tudo eu quero um pouco mais, de todo pouco eu quero ainda um pouco mais. Quero descobrir que foi o certo a ser feito, que foi o que mais machucou e que vai ficar para sempre, mas que pilantrando com a gente mesmo a gente quer que machuque mais porque a gente ama. A pessoa ama, meu deus, a pessoa ama. A pessoa ama e vomita lamentações, conversas, solidão e oportunidades.
  Eu vou dar uma chance à vida não porque eu quero ou porque algum poeta fajuto me falou, eu vou dar uma chance à vida porque é a minha única opção.

 Será que vai ser assim o resto da porra da vida?